sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

23 - ACIDENTE DE MOTO - parte II -

.



 Como morávamos no centro de Belém ( Av. Serzedelo Corrêa, entre a Praça da República e a Braz de Aguiar ), comprei apenas uma moto, que serviria para minha locomoção entre nossa casa e o Ver-o-Peso, onde aportava, mais ou menos com a frequência de dez em dez dias, o barco de pesca, ocasião em que meu " balanceiro ", José Maria - apelidado de Olho de Gato -  procedia à comercialização dos pescados. É preciso dizer que antes da aquisição da moto, me submeti ao curso de direção para tal veículo, sendo devidamente aprovado nos testes do DETRAN, para outorga da Carteira de Habilitação específica. Tudo aconteceu quando de um dos deslocamentos que fazia, quase diariamente, para visitar minha mãe. Ela morava na Travessa 14 de Março ( onde, alias, ainda hoje mora uma das minhas irmãs, a Clemens ). Saí de casa e, a pouco mais de 200m, dobrei à esquerda na Gentil Bitencourt, via de mão única, e fui surpreendido por um ciclista que, na contramão, atravessava, de maneira imprudente, a Gentil. Na iminência do choque, ele, simplesmente, pulou da bicicleta e largou-a, caída na minha trajetória. Tentei pular com a moto por sobre a bicicleta, conseguindo passar apenas a roda dianteira, por sobre ela, enquanto a traseira se embaraçava, resultando na projeção do meu corpo a uns poucos metros à frente. Na queda, fraturei 3 costelas e, sob choque, levantei-me de imediato, correndo o risco de, com este gesto intempestivo, causar a mim mesmo, sérias lesões internas, fato que foi constatado quando dos exames posteriores a que fui submetido...


Continua na próxima postagem......


Bom fim de semana a todos e obrigado pelas visitas.

Abraço,


Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

22 - ACIDENTE DE MOTO - parte I -

.
                                                          A " geleira "   W A L K Y R I A

..Tudo isto me levou a considerar a real possibilidade de vir a morrer a qualquer momento, principalmente ao me lembrar das palavras do médico, quando da reunião com a família. Na esperança de  desaparecerem ou melhorarem os sintomas muito desagradáveis, com a mudança de ares, tomei a decisão de me transferir, juntamente com toda a família, para Belém, onde, além da mulher e filhos, teria o apoio de todos os parentes que lá se encontravam. Minha saudosa mãe, meus irmãos e irmãs, meus tios e primos, enfim, de toda a numerosa e unida clã dos Aragão e dos Vinagre, além de amigos de infância com os quais jamais deixei de me comunicar. Tudo isso saiu conforme imaginei. Só não mudaram os problemas com o marcapasso: o mal estar continuou. Minha insegurança quanto ao acerto da transferência, ficou retratada no fato de não me desfazer de todos os bens que tínhamos aqui na Bahia e de não ter iniciado, em Belém, nenhum negócio definitivo, limitando-me apenas a adquirir um barco de pesca de 15 t. (cuja foto ilustra a presente postagem, batizado com o nome de minha mulher, Walkyria, em homenagem e agradecimento por ela, apesar de possuir aqui em Salvador e em Nazaré das Farinhas, sua mãe, irmãos, tios, primos, enfim, toda sua família, ter me acompanhado sem nenhum gesto de protesto ou relutância.
Esta aquisição foi feita apenas com o objetivo de me manter minimamente ocupado, administrando uma atividade que sempre me proporcionou prazer: a pescaria! Alias, é bom que se diga que tal atividade é, para mim, a terceira melhor coisa da vida... Prometo
que na próxima postagem ( como sempre às sextas-feiras ), começarei a narrar o " acidente de moto "... Este preâmbulo, entretanto, é importante para o entendimento do contexto daquilo que viria a acontecer...

Continua na próxima postagem.

A todos, desejo um final de semana muito feliz!
Abraço,



Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

21 - ACIDENTE DE MOTO - introdução -

.
                                                                                                                        Foto Internet


Mesmo com o problema cardíaco resolvido - ou pelo menos equacionado - claro que fiquei muito abalado psicologicamente, pela absoluta falta pretérita de sintomas. Jogava futebol, vôlei, pescava em alto mar, inclusive mergulhando durante longos períodos, principalmente em Guarajuba, tendo como companheiro, não raras vezes, o querido e saudoso amigo - médico dedicado e competente - Dr. Antonio Silvani, sem jamais ter o mais leve problema de saúde. Além  de ter que encarar essa nova condição de vida, que me impunha restrições nas minhas atividades, fora convocada por um dos médicos, uma reunião com minha família, onde foram enfatizados todos os riscos que me cercariam dali em diante. Concomitantemente, passei a sentir fortes sintomas de rejeição, não ao aparelho mas aos efeitos que ele causava quando em funcionamento. É preciso esclarecer aos queridos leitores, que o marcapasso, somente entra em operação, se houver uma falha nos batimentos naturais, ficando inibido ( sem funcionar ), sempre que o ritmo natural estiver acima do estabelecido. Ao ser implantado, ele é programado para não deixar os batimentos do coração caírem abaixo de determinada frequência ( no meu caso, abaixo de 40 batidas por minuto ). Ora, tal frequência coincidia, quase sempre, com o funcionamento natural do coração, o que acarretava batidas naturais, simultâneas com os impulsos enviados pelo marcapasso. Esta coincidência ocasionava um mal estar terrível; um desconforto indescritível, a ponto de ter vontade de arrancar o aparelho do peito!...


Continua na próxima postagem......

Um ótimo final de semana a todos os meus amigos e visitantes.
Abraço,



Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

20 - O CORAÇÃO E O MARCAPASSO - final

.


... O pior de tudo: quanto mais profundo o sono, mais preguiçoso meu coração se torna! Assim, não fosse descoberta esta anomalia, poderia morrer de parada cardíaca a qualquer momento durante o sono pois, repito, jamais senti algo de anormal durante toda a minha
vida. Ainda assim, por não conhecer direito o Dr. Nilzo Ribeiro ( de quem me tornei amigo até hoje ), resolvi ir à São Paulo para uma consulta com o mais famoso dos cardiologistas da época, Dr. Décio Korman ( Secretário de Saúde do Governo Paulo Maluf ).
Fiquei deveras impressionado com a tecnologia usada, já naquela época, durante a consulta: após tirar a camisa, uma enfermeira colocou alguns eletrodos no meu tórax, enquanto um monitor de vídeo existente na mesa do médico, mostrava todos os detalhes do funcionamento do meu coração. Ao voltar a conversar com o Dr. Décio para a conclusão da consulta ( por sinal caríssima! ), ele me perguntou quem era o meu médico na Bahia. Diante da minha
resposta - é o Dr. Nilzo Ribeiro - ouvi, surpreso, o seguinte comentário: " E o que o Sr. veio fazer aqui?! O Dr. Nilzo é um dos melhores especialista das Américas, no assunto!!! ".
Bem mais tranquilo, retornei à Salvador e, depois de perguntar ao Dr. Nilzo, o que ele faria no meu lugar e ouvindo sua resposta, me submeti ao implante. Graças à tecnologia desenvolvida pelo gênio humano, estou há, exatos, 40 anos - completados em 17.09.2020 - vivo e bem saudável!
Certamente não teria sobrevivido se: 1 - O querido amigo-irmão Armando Ulm não fosse hipocondríaco; 2 - A ciência e a tecnologia tivessem demorado apenas alguns poucos anos para inventar este aparelho que, desde então, salva vidas e mais vidas pelo mundo em fora!!!
 Hoje ostento, no lado direito superior do tórax, o marcapasso de número 6, implantado, com toda a maestria, pelo meu caríssimo e competentíssimo amigo, o eminente cardiologista, Dr. MARCOS GUIMARÃES. Já, há cerca de 15 anos, tenho como supervisor e monitorador da minha saúde cardíaca, este mesmo caríssimo amigo, aqui na Bahia e o Professor Dr. ROBERTO COSTA - de quem também me tornei grande amigo - lá em São Paulo.
 No dia 17.09 passado, completei exatos 40 anos, sobrevivendo - quem sabe - graças ao gênio humano... Este sim, capaz de fazer MILAGRES!!!...

Um excelente final de semana aos amigos e visitantes.
Grande abraço.


Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

19 -O CORAÇÃO E O MARCAPASSO - II




...Atônito, quis saber, imediatamente, do que se tratava. Disse-me ele: 
" Você está apresentando bloqueio AV de segundo grau! "  Seguiu-se uma longa e detalhada explicação sobre o assunto. Não podia acreditar! Nunca havia sentido nada de anormal! Como era possível?!!! Conclusão: eu, que fui fazer os exames por simples provocação ao meu amigo Armando, acabei sendo gozado por ele que, ao final, afirmou triunfante:
" Compreendes agora o porquê dos meus exames semestrais ?! ".
Fui aconselhado pelo amigo Dr. João a procurar o Hospital Santa Izabel, já naquele tempo, referência em matéria de cardiologia. Para minha sorte, conheci o Dr. Nilzo Ribeiro, comandante de uma equipe de médicos excepcionais, dentre os quais figuravam Antonio NeryEduardo Tadeu. O Dr. Nilzo, após submeter-me a um " Holter " e executar, ele mesmo, um cateterismo, indicou-me o implante de um marcapasso cardíaco, única maneira de corrigir o problema.
 Naquele tempo o " Holter " tinha que ser remetido para São Paulo
pois aqui não havia equipamento para traduzi-lo graficamente. O cateterismo não demonstrara nenhum problema obstrutivo, tendo, porém, sido diagnosticada uma hipertrofia cardíaca importante o que me obrigaria a, dali em diante, levar uma vida muito mais
 " regrada "...  Ao chegar o resultado gráfico do " Holter ", foram constatados batimentos cardíacos com a frequência incrível 
- para quem não é atleta profissional - de até 38 batidas por minuto!!! ...

Continua na próxima postagem.......


Um ótimo final de semana a todos.
Abraço,



Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

18- O CORAÇÃO E O MARCAPASSO - I



Todo o preâmbulo da semana passada, vem a propósito do terceiro fato que me poderia ter matado: tenho um dileto e querido amigo, irmão e compadre, chamado Armando Ulm ( dos primeiros amigos baianos que conquistei ). Companheiro fiel e sócio em algumas das lanchas que tive, também amante do futebol, que jogava com maestria, acabou contribuindo decisivamente, para salvar a minha vida. Cuidadoso ao extremo com sua saúde  ( para não chamá-lo de hipocondríaco), sempre fez e faz uma bateria de exames clínicos, rigorosamente de seis em seis meses! Mais com o fito de gozá-lo do que por  ter sentido algo de anormal, após uma partida de futebol, das inúmeras que jogamos juntos, lá por volta do ano de 1980, resolvi acompanhá-lo em um desses " check-ups ". Amigo comum e dono da Clínica Check-up, o Dr. João Souza era sempre o escolhido para supervisionar tal procedimento. Chegamos à clínica no Campo Grande e, ao ser submetido ao PRIMEIRO eletrocardiograma da minha vida, fui instado pela enfermeira a continuar deitado, pois ela precisava falar com o Dr. João... Saiu da sala me deixando com uma certa ansiedade, por não me dizer o porquê da proibição de levantar-me. Mesmo intrigado, obedeci. Alguns minutos depois, eis que chega na sala - acompanhado pela enfermeira - o Dr João, em pessoa! Mandou repetir o exame e, ao final, pediu para acompanhá-lo ao seu consultório. Com o semblante demonstrando apreensão e/ou preocupação, disse-me que havia constatado no ECG, uma alteração importante no funcionamento do meu coração!...


Continua na próxima postagem.......


Um final de semana de paz aos meus amigos e visitantes.
Abraço,



Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

17 - O CORAÇÃO E O MARCAPASSO - Introdução -




Sempre gostei dos esportes em geral. Me sai muito bem em todos os que pratiquei, principalmente no futebol e no espirobol (este último, pouquíssimo conhecido, consiste em enrolar a corda na qual se pendura uma bola de couro - do tipo daquelas que são usadas principalmente pelos boxeadores nos seus treinamentos - no topo de um mastro de cerca de 3,5 m de altura, dividindo-se os campos em dois ou em quatro, a depender do número de jogadores, por linhas traçadas no chão. Há necessidade de um preparo físico excepcional dos praticantes desse esporte. As regras são rígidas e o juiz deve
conhecê-las muito bem, para poder arbitrar a disputa. ( Se algum dos meus caros leitores se interessar pelas regras, mande-me seu e-mail que as enviarei com muito gosto).


No espirobol, eu era imbatível no Colégio do Carmo e no futebol, cheguei a treinar nos juvenis e aspirantes do meu querido Papão - o Paysandu - não prosseguindo na carreira por proibição expressa e definitiva de meus pais ( principalmente do meu querido
e saudoso pai ), pois, naquele tempo, jogador de futebol era 
" vagabundo ", assim como todo artista - principalmente do sexo feminino - era considerada prostituta ou em vias de sê-lo. ( como mudam os conceitos!..). Referindo-me, ainda, aos meus dotes como futebolista, vale  acrescentar que fui eleito PELOS COLEGAS, o melhor jogador de futebol do Carmoconsiderando todos os alunos, internos e externos. Por tal eleição, me foi outorgada
solenemente, uma medalha comemorativa, que, de tão bonita que era, levei-a, nas férias de fim de ano, para Oriximiná e, em um gesto de orgulho juvenil, coloquei-a no peito quando fui - como era de costume - jogar a " pelada " de todas as tardes, no campinho seletivo ( não era qualquer um que entrava !!!), da casa do Helvécio Guerreiro. A gozação - como era de se esperar - foi geral!!!... Aficionados, principalmente o Helvecinho o Lúcio e, eventualmente, o Edilberto, anfitriões, as disputas, levadas a sério, se tornavam emocionantes!... Meu querido amigo Sérgio ( hoje morando também em Salvador, onde é  professor aposentado da Universidade Federal da Bahia ), não era muito chegado ao esporte, limitando-se,  na maioria das vezes, a assistir os embates...

Continua na próxima postagem.......



Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

16 - DESASTRE AEREO - final -





Ao final da obra de Serra do Ramalho - cumprida rigorosamente dentro dos prazos contratuais, graças ao magnífico desempenho de toda a equipe envolvida - por não haver mais necessidade, vendi o Cessna no qual o J.C.P., que fora piloto do Piper, passou a
trabalhar. O M.F fora demitido por justa causa, por motivos óbvios... Tempos depois, quando a venda do Cessna foi consumada, o J.C.P. também foi demitido, por falta do equipamento necessário para o desenvolvimento do seu trabalho. Grande pessoa e competentíssimo piloto, senti muitíssimo ao saber que, voando em outro aparelho, ao executar um  rasante sobre sua casa, para avisar à família que estava chegando à Januária ( este é um costume
dos pilotos quando em cidades pequenas e sem tráfego aéreo regular ), chocou-se com a rede elétrica e veio a falecer no acidente. Estes dois episódios, ocorridos com pessoas que conviveram comigo, só fizeram reforçar a minha crença de que " avião não cai: é derrubado ".
Tudo, afinal, voltou ao normal na minha vida, até que um belo dia do ano de 1980, o destino colocou-me novamente frente a frente com outra situação de extrema gravidade que, se tivesse acontecido há apenas alguns poucos anos, teria me levado, inexoravelmente,
à morte. Mas isto é assunto para a próxima postagem que, como vocês já sabem, ocorrerá na próxima sexta-feira...

Um bom final de semana para todos.
Grande abraço,

Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

15 - DESASTRE AEREO - VIII -






Como era de se esperar, o piloto M.F. teve sua licença de voo cassada. Ora, se deixar faltar combustível em um carro que está trafegando numa rua ou rodovia já é uma enorme falha - inclusive passível de punição, de acordo com o CNT - imaginem os leitores esta ocorrência num avião!!!... É obrigação de todo piloto, principalmente os de aeronaves de pequeno porte, fazer o que se chama no jargão aeronáutico de " TESTE DE SÃO TOMÉ ". Consiste este teste em verificar não somente a qualidade do combustível, isto é, se é realmente o indicado para o equipamento,  mas, e principalmente, se a quantidade é suficiente para completar o voo até o destino constante o plano de voo e mais uma reserva para levar o avião até um aeroporto alternativo, no caso de não haver possibilidade de pouso no aeroporto de destino. O mais absurdo é que o Piper tinha autonomia para voar durante 6 horas!...
 Segundo informações que me deram, não podendo mais pilotar aviões, legalmente, o M.F. teria ido voar clandestinamente na Amazônia paraense ( Itaituba ), levando peças de máquinas, combustível, víveres e passageiros, para os garimpos. Transcorrido algum tempo nesta que, se confirmada, seria uma atividade ilegal,
pois perdera a licença de piloto, ao tentar levantar voo de uma pista precária do garimpo, com carga superior à suportável pelo avião, não teria conseguido altura suficiente para transpor as árvores da cabeceira da pista, indo chocar-se violentamente contra elas. Conforme informações, teria morrido juntamente com todos os eventuais e desditosos passageiros!

Continua na próxima postagem.......

Abraço a todos os meus amigos e visitantes e tenham todos um ótimo final de semana.

Clóvis de Guarajuba
ONG Ande  & Limpe

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

14 - DESASTRE AÉREO - VII -





Há de se destacar que, ao retornar ao local do desastre, verifiquei que tivemos muita sorte em bater com a asa esquerda na cerca da fazenda  É que esta batida, não apenas provocou o " cavalo de pau", mas, e principalmente, inibiu a velocidade de inércia do avião, evitando com isto o choque com as laterais de um pontilhão existente naquele local a rodovia, o que certamente provocaria a sua explosão. Depois de conversar com os policiais que, por não haver vitimas, limitaram-se a isolar a área em torno da aeronave, preservando tudo intacto para aguardar os peritos da Aeronáutica, comuniquei a eles e aos pilotos que iria para Salvador no mesmo táxi que me trouxera de Amargosa. Os peritos da Aeronáutica já haviam sido alertados pelas autoridades locais. A torre de controle do aeroporto de Salvador, por sua vez, havia comunicado ao DAC ( Departamento de Aviação Civil ), que o CZN não havia cumprido o plano de voo  reportado quando da decolagem do aeroporto de Bom Jesus da Lapa e nem respondia aos  insistentes chamados dos controladores que haviam perdido contato. Minha família já havia também sido comunicada do desaparecimento da aeronave. Não havia celular à época e a agonia de meus familiares durou até minha passagem por Feira de Santana onde, finalmente parei para ligar para minha mulher, que chorou copiosamente - creio que de alivio - ao telefone.
Tudo o que aconteceu daí pra frente, à exceção da venda do CZN
- praticamente como sucata - para uma firma de Belo Horizonte, me foi informado pelo processo aberto pra apurar as causas do acidente. Pasmem os senhores leitores: " PANE SECA " foi a conclusão das investigações!!!
 Há muitas explicações para dar a vocês que leem este relato resumido. Elas serão dadas no livro que estou escrevendo e que será publicado, penso eu, no ano de 2021.

Continua na próxima postagem......

Um ótimo final de semana a todos. Grande
Abraço,

Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

13 - DESASTRE AÉREO - VI -




Ao me afastar, correndo, da aeronave com medo de uma explosão, não havia sequer notado os hematomas e nem sentido as dores provenientes dos quadris e da parte baixa do abdome,  consequência da pressão brutal exercida pelo cinto de segurança que cumprira com eficiência a sua finalidade... Já suficientemente distante e com o restabelecimento pleno da razão, parei, voltei-me, pra verificar se os outros dois já haviam saído e só então voltei para ver se havia alguém ferido. Apenas o M. sofrera um pequeno corte na mão direita, proveniente dos cacos de uma garrafa de água mineral que sempre me acompanha e que se quebrara por ocasião do choque. Constatado o estado de normalidade dos dois, parei o primeiro veículo a passar pelo local
( cerca de 15/20 minutos depois ), e fui para o hospital de Amargosa, cidade para onde se dirigia o motorista. A esta altura,  a dor sentida na região do baixo ventre, me levou a ter sérias suspeitas de que poderia ter sido vitima de graves danos internos, principalmente relacionados à bexiga. Prontamente atendido pelo médico de plantão, fui orientado a me dirigir ao banheiro para urinar, verificando se na urina havia algum vestígio de sangue. Pra meu alivio, nada notei de anormal e o médico, após exame geral, constatou apenas hematomas de grande intensidade nas partes laterais dos quadris, me dizendo que nada havia de mais relevante e me tranquilizando quanto ao meu estado geral: o próprio organismo se encarregaria de dissolver os hematomas, com o
tempo, concluiu. Retornei, então, agora de táxi, para o local do 
" pouso ", já encontrando, na minha chegada, uma viatura da Polícia Civil com dois policiais que foram alertados por alguém que vira o avião em voo silencioso e rasante, deduzindo haver algo de anormal.

Continua na próxima postagem.....

Bom final de semana a todos.
Abraço,

Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

12 - DESASTRE AÉREO - V -


Asa esquerda quebrada em consequência do choque com a cerca



Assim, tomamos a decisão de pousar na rodovia. Tudo teria saído mais ou menos bem, não fosse o fato - só descoberto ao nos aproximarmos do solo - de que as laterais da estrada, naquele local, em vez de acostamento, tinham uma barreira de cada lado, bem mais altas do que as asas do Piper!!! A essa altura, nada mais poderia ser feito, além da tentativa do pouso. Para completar os agravantes, na ânsia de nos sairmos bem, os pilotos haviam esquecido de baixar o trem de pouso. Tal procedimento somente foi executado e manualmente, depois que luzes vermelhas piscantes e " bips" insistentes provenientes do painel, os alertou para esta falha. No último momento, o procedimento de baixar o trem de pouso foi finalizado. De imediato a aeronave tocou o solo e o conjunto da roda dianteira do trem de pouso se partiu com o choque !


O avião pairou no ar sobre a
lateral alta da rodovia, bateu
com a ponta da asa esquerda
em uns morões da cerca da
fazenda, rodopiou no ar e
caiu estreptosamente no leito da BA 046, com a frente virada para o lado de onde viera ( deu o famoso 
" cavalo de pau " ).
Imediatamente, o instinto de
conservação - que, ao contrário do que propagam por aí, tipo " minha vida toda passou em um átimo pela minha mente ", puro papo furado - que comanda, absoluto, todas as ações de alguém que se encontre em tal situação, fez com que eu, literalmente, passasse por cima do co-piloto ( que, aturdido, continuava sentado ), abrisse a porta e, saindo em desabalada carreira, me afastasse o máximo possível do avião, a meu juízo, prestes a explodir!...


Continua na próxima postagem.........

Excelente final de semana a todos.
Abraço,

Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

11 - DESASTRE AÉREO. - IV -

                           


...De repente, houve uma falha dos motores, imediatamente corrigida pelo co-piloto, com o simples manejar de uma alavanca. Depois vim saber tratar-se da alavanca seletora do tanque de combustível. É que pode ser selecionado o tanque de onde o comandante quer que venha o combustível para os motores; deste modo, é possível ajudar a manter o equilíbrio da aeronave, manipulando a distribuição do peso. Perguntei se não seria melhor retornarmos à Bom Jesus da Lapa. Prontamente os dois me disseram para ficar tranquilo, pois se tratava simplesmente de uma questão de " seleção do tanque "... Voltei, então, a estudar os documentos relativos à " medição " até que, ao sobrevoarmos a rodovia BR-116, os motores simplesmente pararam!!!
Apavorados pelo " silêncio ensurdecedor " dos motores, o MF.. e o suposto comandante de bi-motores, sem saber direito o que fazer, precisaram ser alertados pela minha voz firme e concisa, literalmente berrada aos seus ouvidos, pois me encontrava no banco imediatamente atrás dos dois, para que se concentrassem apenas no comando. Deveriam substituir a força propulsora dos motores, agora inexistente, pela da gravidade, evitando desse modo que o avião " estolasse ". Era urgente a busca por um local para pousar! Lá do alto, este lugar nos pareceu óbvio: a estrada estadual ( BA - 046 ), que liga a BR-116, nas proximidades de Milagres, à cidade de Amargosa. Tratava-se de uma rodovia com pouquíssimo movimento, tanto que não se avistava, até aonde a vista alcançava, nenhum veículo circulando.
O pouso de " barriga " no pasto de uma fazenda existente à margem da rodovia, foi uma opção prontamente descartada: havia o risco de atropelar diversos animais ou, ainda pior, a  possibilidade da existência de um tronco de árvore derrubada, que seria fatal. Sem trem de pouso, o avião seguiria uma rota retilínea, sem qualquer possibilidade de manobra, sendo inevitável o choque e talvez, a explosão do aparelho...

Continua na próxima postagem.....

Um ótimo final de semana a todos.
Abraço,

Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

10 - DESASTRE AÉREO. - III -


  
  

O piloto do Piper, J.C.P., estava de férias e fora visitar a família na cidade de Januáriaem Minas Gerais, onde morava. Ele era habilitado a comandar o bi-motor, sendo nosso funcionário. A explicação que me foi dada pelo M.F., para justificar a troca de aeronave, foi o fato de o Piper ser um pouco mais veloz do que o Cessna, dando-nos uma margem maior de segurança quanto à hora de chegada à Salvador ( realmente eu me atrasara um pouco...).
É que nenhum dos dois aparelhos era homologado IFR 
( Instrument Flight Rules - regras para voo por instrumento ), somente podendo voar com a luz do dia, isto é, executando o voo
visual. A seguir meu piloto me apresentou um outro individuo ( não me recordo do nome, afinal estava com a atenção voltada para os afazeres importantes que me aguardavam em Salvador ), dizendo que o mesmo era seu amigo e conhecido, piloto de bi-motor e que,
se eu permitisse, ele voaria ao seu lado, no banco direito, como co-piloto. Minha urgência em chegar à Salvador e a confiança na responsabilidade profissional do MF., levaram-me a embarcar, sem maiores questionamentos, ( afinal era um piloto de aeronave com todos os documentos  perfeitamente em ordem ). A viagem transcorria na maior tranquilidade. Aproveitei para verificar  os dados da medição e só pensava em chegar, mandar emitir a fatura e viajar para Recifebem cedinho no dia seguinte, para receber o valor correspondente. Era em Recife que os recebimentos eram feitos, na sede da CHESF que, para essa obra, mantinha um convênio com o INCRA.
Mais ou menos a uns 40 minutos fora, foi quando começaram os eventos...

Continua na próxima postagem......

Um ótimo final de semana aos meus amigos e visitantes.
Voltem sempre.

Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

9 - DESASTRE AÉREO. - II -





O aeroporto da cidade de Bom Jesus da Lapa, às margens do rio São Francisco, era muito utilizado pelo meu avião - um monomotor Cessna modelo 210-D ( pé duro ), prefixo PT-CDT.
É que a empresa da qual eu era dono, juntamente com meu inesquecível e grande amigo César Cabral, estava executando as obras de infraestrutura, visando a implantação das agrovilas para onde seriam transferidos os ribeirinhos atingidos pela inundação provocada pelo enchimento do lago da futura usina hidrelétrica de Sobradinho. Nossa empresa também tinha uma outra aeronave: um bimotor Piper Twin Comanche PA-90, prefixo PT-CZN
Longe de serem um luxo, os aviões eram uma necessidade vital para a empresa e muito utilizados, tanto para nosso deslocamento de Salvador para a Lapa e vice-versa, quanto e principalmente, para levar peças de tratores e outros suprimentos necessários à manutenção do ritmo dos trabalhos, regido por um contrato que estipulava prazos rigorosos a serem cumpridos, sob pena de pesadas multas. Nossas presenças eram muito importantes tanto no canteiro de obras, supervisionando e cobrando o cumprimento dos cronogramas dos serviços, como no acompanhamento das 

" medições ", base para a emissão e o recebimento das faturas. 
Meu piloto, M.F., tinha ordens para me aguardar, geralmente ao
final da tarde, com a aeronave preparada para decolar. Naquela tarde, chegando ao aeroporto e trazendo em minha pasta os dados da " medição " realizada, constatei que a aeronave na qual voltaríamos para Salvador, era o Piper e não o Cessna, do qual o M.F. era o piloto!...

Continua na próxima postagem.........

Um ótimo final de semana a todos e obrigado pelas visitas.
Abraço,

Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

8 - DESASTRE AEREO. - I -




Adoro voar! Meu primeiro voo se deu a bordo de um " Catalina " da Panair ( o famoso " Pata Choca" ), lá pelo final da década de 1950, numa das viagens que fiz, Belém/Oriximiná, para gozar as férias de fim de ano. Esta viagem, que geralmente era feita de navio ( ah! que saudade do " Barão de Cametá " e do  "Aquidaban"! ),  desta vez me foi proporcionada pela companhia do meu pai, que fora à Belém resolver alguns negócios. Ele decidiu que deveria me levar junto, na volta para casa, como premio pelo bom desempenho escolar.
Lembro-me perfeitamente das cadeiras de " palhinha " que equipavam o avião, pois me veio imediatamente à memória, as cadeiras de balanço lá de casa, feitas também com este mesmo
material, uma das quais esmagou, sob o peso da mamãe, a cobra coral, episodio relatado em postagem anterior.
Costumo dizer aos meus amigos, que " avião não cai: é derrubado!!! "
Nunca tive medo de voar. Ao contrário: sinto imenso prazer ao fazê-lo! Considero este meio de transporte, de longe, o mais seguro. As estatísticas  mostram que nos EE.UU., por exemplo, onde o profissionalismo é levado a sério, há por volta de 1 acidente para cada 3.000.000 de voos! No Brasil este índice sobe dramaticamente para mais ou menos 5 acidentes por cada 3.000.000 de voos. Ainda assim, é muito pouco. Não fossem as falhas humanas ( incluindo aí a manutenção negligenciada ou postergada, os controladores e pilotos irresponsáveis, etc. ), teríamos um índice quase nulo de acidentes. Nenhum avião é construído para desabar das alturas. Mesmo se houver a falha de todas as forças propulsoras, ainda assim - a depender do fator humano - o equipamento pode tranquilamente manter-se no ar, planando, a espera de ser conduzido a algum lugar mais ou menos propício para o pouso. Isto aconteceu comigo lá pela segunda metade da década de 1970!...

Continua na próxima postagem.......

Um ótimo final de semana a todos os meus amigos e visitantes.
Abraço,

Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

7 - TRES ENFERMIDADES GRAVES, AO MESMO TEMPO!!! - final -




Férias de julho do ano de 1956. Antes de irmos para Mosqueiro, passaríamos o primeiro fim de semana do mês, num sítio que o meu tio Humberto, segundo marido da tia Odaléa, havia comprado, nas proximidades da cidade interiorana de Santa Izabel. Lá, após o tradicional futebol de sábado à tarde, jogado e muito disputado por mim e meus primos ( Carlos EduardoCarlos Alberto e Carlos Antonio ), alem de alguns nativos das redondezas,  resolvemos
" desbravar " um igarapé que corria mansamente, dentro de um trecho de mata nativa, bem ali, ao lado do campo. Que banho!... Água gelada, uma delícia! A vontade era de ficar naquela maravilha de água, para sempre...  Ao retornarmos à Belém, no domingo à tarde, nada indicava alguma enfermidade. Alguns das depois porém, comecei a sentir uns estranhos calafrios. Ao chegarmos em casa, meu estado evoluíra para pior, pois, acompanhada do calafrio cada vez mais intenso, estava sendo vítima de uma febre altíssima, por volta dos 40/41 graus! O médico da família foi chamado e o diagnóstico apontava para uma malária. Feitos os devidos exames, constatou-se que eu fora acometido, não por uma malária qualquer, mas pela terrível " terçã maligna ", uma forma muito grave e não poucas vezes letal, da doença! Tudo indica que fui contaminado por um mosquito, lá naquele banho maravilhoso de igarapé. Para completar a minha desventura, havíamos comido algum alimento, lá no sítio - a Selma, minha prima e eu - que nos deixou com infecção intestinal. Logo em seguida, fui contaminado pelo agente infeccioso responsável pela catapora, de tal sorte que acumulei e superei, as três doenças ao mesmo tempo, fazendo-me acreditar de vez, naquele adágio popular segundo o qual " vaso ruim não quebra "! Após me recuperar completamente - e a prima Selminha - uns dez dias  depois, fomos, finalmente, gozar as delícias da " Bucólica "...



A todos os meus amigos e visitantes desejo um feliz fim de semana.
Abraço,



Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

6 - TRES ENFERMIDADES GRAVES, AO MESMO TEMPO!!! - 1a parte -




1954, meu primeiro ano como aluno interno do Colégio Salesiano Nossa Senhora do Carmo, tradicional e antigo colégio de Belém, dirigido pelos padres Salesianos de D. Bosco, cujo internato era ambicionado por todos os jovens do Estado em idade de fazer o exame de admissão ao curso ginasial. Poucos, porém, conseguiam realizar tal sonho, mercê dos altos custos desse internato. Por decisão da minha mãe, tive que fazer a quinta série do curso primário, pois ela achava que não tinha condições de me submeter com sucesso ao exame de admissão ao curso ginasial. Este exame consistia em uma espécie de 
" vestibular ", em que, para ser aprovado, o aluno tinha que ter um preparo bem razoável ao final do curso primário, o que, segundo ela, me faltava, por motivo  das atribulações causadas pela  " paralisia infantil " que me acometera.
Por estarmos radicados em Oriximiná, embora a maior parte da família de minha mãe morasse e ainda hoje more em Belém, o internato foi uma opção dos meus pais. Já, anteriormente, meu irmão mais velho, José Figueiredo de Souza - hoje membro da Academia Paraense de Letras, ocupante da cadeira no. 14 -  houvera terminado o curso ginasial no mesmo internato e, apenas por uma questão de competitividade, preferiu terminar o curso científico no Colégio Estadual Paes de Carvalho que, em diferentes épocas, foi frequentado pelas maiores cabeças coroadas dos discentes paraenses, tais como Jarbas Passarinho, Alacid Nunes, Jáder Barbalho, Simão Jatene, todos ex-governadores do Estado; meu querido e saudoso primo-irmão, Carlos Alberto de Aragão Vinagre, Deputado Federal  Constituinte e Professor, Inocêncio Coelho, ex-Procurador Geral da República, Enéas Martins, Ministro das Relações Exteriores, e muitos outros que se tornaram preeminentes no cenário nacional. É que, ao contrario daquilo que hoje ocorre, este colégio público era considerado a " nata "  do ensino no Pará. Meu irmão, depois de cursar com sucesso os dois primeiros anos do curso científico no Paes de Carvalho, voltou ao Carmo, dessa vez em regime de externato, fazendo o terceiro e último ano do científico e sendo, inclusive, o orador da turma. O " internato do Carmo " era famoso pelo seu rigor quanto às saídas dos alunos. Apenas nas férias de julho e de fim de ano, era possível para os alunos irem para casa. Durante o ano letivo, somente uma " saída " era possível - assim mesmo, só para aqueles cujos pais ou responsáveis fossem buscar o aluno: era por ocasião do fim de semana em que se comemora a maior festa dos paraenses: o CÍRIO DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ. Somente as férias de fim de ano eram gozadas por mim em Oriximiná - grande parte delas na fazenda do Cachoeiri.  As férias de julho, mais curtas, eram gozadas, prazerosamente, em companhia da minha tia queridíssima, Odaléa ( irmã da minha  mãe ), geralmente na ilha do Mosqueiro, para onde a família se deslocava, assim como grande parte da sociedade paraense, nessa época. Ah! quantas recordações...


Ainda não havia a ponte e as viagens eram feitas no majestoso  " Presidente Vargas ", 
luxuoso navio comprado à Holanda, cujo bar e cabines de alto luxo, já àquela época,
eram equipados com ar refrigerado, poltronas confortáveis e outros itens chiquérrimos, que o tornavam o mais charmoso navio da época nestas paragens. Pena que a viagem só durasse míseros 50 minutos!... 
Embora com uma quantidade enorme de diversões na cidade,
uma das preferidas dos veranistas de Mosqueiro, consistia em ir para o trapiche, ao final da tarde, quando chegava o navio e, fazendo duas alas, ovacionar as pessoas que chegavam, numa espécie de " boas vindas ", anotando também as mais elegantes e as mais extravagantes, para, nas rodas das animadas conversas no Praia Bar, ( point chic da época), tecerem fofocas ora elogiosos ora críticas...

Continua na próxima postagem........

Um ótimo final de semana para todos.
Abraço,



Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe 

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

5 - A PRIMEIRA GRANDE ENFERMIDADE.



De acordo com informações da minha mãe e de duas vizinhas com as quais me reencontrei, inúmeras vezes, depois de adulto - sendo que ambas já nos deixaram, D. Zenaide e D. Iza, esta última me confessando que adorava me carregar no colo, não fui o que se poderia chamar de " uma criança doente ". No entanto - e a partir de então lembro com mais nitidez dos fatos - por volta de 9 ou 10 anos de idade, fui acometido de algo que me deixou privado dos movimentos dos membros inferiores. Lembro-me nitidamente que, para fazer as provas de fim de ano no Grupo Escolar Padre José Nicolino, onde então estudava, tinha que ser carregado nos ombros pelo meu irmão, o querido e saudoso Dezizé ou por um índio muito estimado  na cidade, chamado Cachinaua ( ou Cachinamá, no entender da maioria dos habitantes do lugar ). Segundo afirmação convicta da minha mãe, fui vítima da poliomielite que, naquele tempo, ainda não poderia ser evitada, pois a vacina contra esta doença maligna somente seria descoberta muitos anos depois, em 1961, pelo eminente cientista norte americano Albert Sabin 
( 26.08.1906 - 03.03.1993 ). 
Minha mãe contou-me e aos meus irmãos, que fiquei curado da terrível enfermidade, graças a uma promessa que ela fez a Santo Antonio, padroeiro da cidade de Oriximiná, promessa esta que consistiria em, vestido de frade franciscano, fazer-me acompanhar a procissão que anualmente o homenageia, caso o Santo " fizesse "  com que eu voltasse a andar...
Lembro-me, perfeitamente, do constrangimento que me acometeu durante esse " pagamento de promessa ", como bem demonstra minha expressão facial verificada na fotografia que ilustra a presente narrativa, mandada executar pelo único fotógrafo, cujo nome era Valeriano, que visitava a cidade apenas anualmente, na época dos festejos em louvor a Santo Antonio.
Milagre ou não, o certo é que voltei a andar e não fiquei com sequela alguma!

Um ótimo final de semana a todos os amigos e visitantes.
Obrigado pelas visitas.


Clóvis de Guarajuba
ONG Ande&Limpe

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

4 - " A COBRA CORAL " E " ESCAVANDO UM BURACO NO QUINTAL... "


                                                                Imagem da Internet





















De acordo com revelações feitas por minha mãe, sofri alguns pequenos acidentes nos primeiros anos de vida, sendo que dois deles, foram potencialmente muito perigosos e poderiam me deixar com, no mínimo, sequelas seríssimas. O primeiro aconteceu quando,
ainda criança de colo, me encontrava tranquilamente sendo amamentado pela mamãe que concomitantemente conversava despreocupada com sua comadre e vizinha, D. Zenaide ( minha querida amiga, já  falecida ).  Enquanto esta cena lúdica podia ser observada, uma pequena cobra coral verdadeira, que houvera se abrigado talvez em uma fralda estendida no varal, começava a se movimentar, tentando certamente livrar-se da incômoda proximidade com seres humanos. Inexplicavelmente a mamãe, sentindo  algo estranho, levantou-se e, ao entregar-me à D.Zenaide, para verificar do que se tratava, provocou a queda da serpente, cujo veneno certamente me mataria se inoculado! A mamãe, ao levantar-se apressada da cadeira de balanço em que estava, deixou-a naquele vai e vem característico e a cobra, ao tentar fugir, resolveu passar por debaixo da cadeira, sendo prontamente esmagada pelo móvel, no qual a mamãe rapidamente voltara a sentar!



Noutra ocasião, já com uns 5 anos de idade ( e, a partir dai, já me
recordo de tudo ), inventei uma
brincadeira que consistia em escavar o chão, na tentativa de fincar um
pedaço de madeira que seria um dos lados de uma futura trave
de futebol. Sendo eu o mais velho, " determinei " ao meu irmão Cléber que pegasse uma enxadeta -  ou enxadeco, naquela região - existente ali no quintal e começasse a escavar. Na minha opinião esta tarefa seria  mais cansativa e eu imaginei que, sendo o mais velho,
tinha o " direito " de escolher que trabalho fazer...
Enquanto ele escavasse, eu iria retirando a terra do buraco, munido de uma latinha de leite condensado vazia, encontrada  ali mesmo no no quintal. E  lá vamos nós: ele cavava e eu tirava a terra; ele cavava e eu tirava a terra...até que, numa dessas " tiradas  de terra ", ele, achando que já era sua vez de cavar, golpeou a minha cabeça com a lâmina da pequena enxada. Por verdadeiro milagre meu cérebro não foi afetado mas, até hoje, trago comigo a marca do incidente, em forma de  uma profunda cicatriz, tanto no couro cabeludo quanto no osso parietal...


Um ótimo final de semana a todos, obrigado pela visita.
Abraço,



Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe