sexta-feira, 26 de maio de 2023

A história da professora AFONSINA - III -


                                                  - Exemplo de barco puxando canoas -
                                                                      ( foto Internet )

Disposto a não decepcionar o novo amigo e agora patrão, o jovem FRANCISCO atirou-se de corpo e alma aos seus afazeres. Estes compreendiam o acompanhamento " in loco " da colheita da castanha do Pará, feita por muitos e muitos homens sob seu comando, que se embrenhavam na mata todos os dias, ao nascer do sol, em busca dos ouriços valiosos, e retornavam à tardinha, não importando se era segunda-feira ou domingo. O castanhal era localizado a pouco menos de um dia de viagem desde a cidade até o interior do lago Erepecu. O deslocamento era feito em " motores " que, além de lentos, levavam ao reboque inúmeras canoas, necessárias na busca da castanha em lugares inacessíveis para um trabalhador a pé. Homens e víveres se amontoavam no convés e objetos, como ferramentas, que não necessitavam de proteção contra a chuva inesperada e constante, ocupavam lugares nas canoas.  Durante a safra era imperioso que os trabalhos não sofressem jamais, solução de continuidade, não importando nem pequenos ferimentos em consequência de acidentes, e nem doenças que não obrigassem o trabalhador a ficar totalmente sem condições de se locomover.  Riscos monumentais ameaçavam a todos nessa coleta. De cobras peçonhentas a onças, de bandos de ferozes porcos do mato ou caititus, às doenças tropicais, entre as quais se destacava a malária, companheira indesejada mas constante, a prostrar no " fundo de uma rede '' aqueles a quem acometia. E dela, o próprio FRANCISCO também não escapou. Ao contrário, por diversas vezes foi agredido por esta doença muitas vezes mortal!!!
Após se inteirar de todos os detalhes das tarefas que lhes foram designadas pelo patrão e amigo, tanto teoricamente, nas conversas entre os dois e nos bate-papos ao cair da noite com os chamados comumente de " trabalhadores da castanha ", mais antigos no ramo, quanto na prática, no trabalho na mata, FRANCISCO começou a ter mais tempo para estabelecer maiores contatos com as pessoas da cidade e, principalmente, com os familiares do patrão Sr. JOSÉ. Como era de se esperar, ao demonstrar possuir aptidão total para com os seus deveres, ter iniciativas corretas e, especialmente, passar por todos os testes de honestidade feitos sistematicamente pelo patrão, a admiração de todos começou a se verificar e o jovem e simpático empregado passou a ser convidado, vez por outra, para fazer refeições na casa do seu empregador e amigo, sempre que estava na cidade...
Ao se aproximar mais e mais da família do patrão-anfitrião, ficou conhecendo melhor sua futura sogra, Sra. JOVINA e seus filhos e filhas, em número de seis que, em ordem cronológica eram: DALILA, HILDEBRANDO, ADRIANA, CORINA, LAURINDA e SOTER. 
E foi na mais nova das filhas, a LAURINDA, em quem o jovem despertou um misto de admiração e bem querer. Tais sentimentos, comungados também por FRANCISCO - embora não devessem demonstrar nada do que sentiam um pelo outro, devido às rígidas regras sociais de então - acabou por aproximá-los, com a permissão tácita e até entusiástica de seu pai,  embora sem demonstrações acintosas . E tudo isto acabou por levar os dois jovens a selarem um compromisso solene, primeiro perante a família da moça e depois perante a sociedade local, sendo logo  marcadas as cerimônias nupciais que seriam realizadas em data a ser confirmada, já no ano de 1933...
                                                         
                                                                       
Continua na próxima sexta-feira...
Bom fim de semana.


Clovis de Guarajuba
ONG Ande&limpe

sexta-feira, 19 de maio de 2023

A história da professora AFONSINA - II -


Castanha do Pará

 


A empatia existente entre o jovem FRANCISCO e o Sr. JOSÉlogo deu lugar a uma amizade que, embora se verificando uma brutal
diferença de idade entre os dois, lá pelo quinto ou sexto dia de viagem, levou o Sr. JOSÉ a dizer ao jovem novo amigo, que ele não mais iria para o Estado do  Amazonas; ao contrário, deveria esquecer a borracha e vir trabalhar com ele na cidade  onde morava  e exercia suas atividades à frente de um extenso " castanhal " de sua propriedade.
A confiança mútua levou o jovem FRANCISCO a aceitar sem mais  delongas a proposta de emprego, embora não tivesse nem a mínima ideia do que seria um " castanhal " e muito menos quais as condições de trabalho que lhe seriam disponibilizadas na tal localidade.
Convite aceito, alguns dias depois, o navio " gaiola " aportava na  cidade onde vivia o Sr. JOSÉ.
Na verdade, nem de " cidade " poderia ser chamada a pequena vila...
Embora alguns historiadores mencionem sua fundação acontecendo no ano de 1877, pelo Padre JOSÉ NICOLINO DE SOUZA, que a designou com o nome de Uruá - Tapera, estudos e pesquisas mais recentes, certificam a chegada do luso CARLOS MARIA TEIXEIRA, já em1862, na então florescente Mura -Tapera. Este cidadão português, então com 23 anos de idade, chegou ao Pará em 17.12,1861, morando inicialmente na cidade de Óbidos até maio de 1862, quando transferiu sua residência para Mura-Tapera aonde fincou raízes em definitivo, fazendo importantes investimentos financeiros no comércio e na produção de riquezas. Hoje seu nome é lembrado na designação de uma das principais vias da cidade de Oriximiná, em que se transformou o pequeno lugarejo.
 Pela Lei 1288, de 11.12.1886, foi elevada à categoria de Freguesia de Santo Antônio de Uruá, pelo presidente da Província do Grão-Pará e Desembargador do Maranhão, Dr. Joaquim da Costa Barradas.
São imprecisas as informações sobre a vida da Freguesia, no período compreendido entre sua fundação e a data de 09.06.1894, quando o então Governador do Estado, Dr. LAURO SODRÉ, elevou-a à categoria de " Vila ", já com o nome de Oriximiná. A criação do município, com a mesma denominação, se deu no dia 05.12.1894, sendo nomeado como primeiro Intendente, o Sr. Pedro Carlos de Oliveira.
Por ocasião da chegada do jovem FRANCISCO, lá pelo início da década de 1930, a cidade era constituída por apenas cinco ou seis  ruas, que subiam preguiçosamente por ladeiras mais ou menos íngremes e desprovidas de qualquer obra que facilitasse o trânsito de seus habitantes. Uma destas ruas levava a uma praça ampla, no centro da qual fora erguida uma igreja, cuja pedra fundamental  foi solenemente assentada e benzida, no dia  23.07.1922 - quando se comemorava o primeiro centenário da independência do Brasil - pelo Venerável Vigário da Paróquia de Óbidos, Frei Rogério Voger O.F.M. ( Franciscanos da Ordem dos Frades Menores ).
 O jovem e aventureiro viajante, já demonstrara grande admiração pela paisagem encantadora, única para seus olhos nordestinos acostumados às terras áridas, logo por ocasião da passagem do
" vapor " pela foz do Rio Trombetas.
 Este rio, de águas límpidas e transparentes, contrastava de maneira brutal com as águas barrentas do Rio Amazonas, deixado para trás lá pelos lados da cidade de Óbidos. Completou-se seu encantamento, com a visão de estonteante beleza das praias alvíssimas à frente da cidade e ele decidiu, naquele momento, que aquele lugar maravilhoso seria pra sempre sua morada!


Obrigado pela visita.                                         
                                                               
Continua na próxima sexta-feira.

Bom fim de semana.



Clovis de Guarajuba
ONG Ande&Limpe

sexta-feira, 12 de maio de 2023

A História da professora AFONSINA - I -



NAVIO " GAIOLA "


Atendendo a alguns pedidos de amigos e parentes, volto a publicar neste espaço, descrevendo da maneira mais fiel possível, a história da vida da minha mãe, AFONSINA ELINDA ARAGÃO DE SOUZA, em sua passagem pela cidade paraense de Oriximiná, localizada à margem esquerda do Rio Trombetas, contribuinte importante, com suas límpidas águas, para aumentar o volume, já enorme, do maior  rio do mundo, o Amazonas.
 Para que os leitores entendam tudo o que aconteceu na vida fecunda desta valorosa, heroica  e destemida mulher, é imprescindível começar sua história pela a história do homem  que viria a ser seu esposo, e que, mercê dos mistérios insondáveis do destino, a arrancou da tranquilidade em que vivia em Belém, sua terra natal, e a levou para ser  protagonista importante na história da sua própria vida e na vida da então pequena cidade que a acolheu.
Nascido na cidade de Bananeiras, estado da Paraíba ( onde estive, em viagem de cerca  de uma semana  no ano de 2014, juntamente com meus irmãos CLÉO e CLEISYa procura de seus parentes ), o Sr. FRANCISCO MARTINS DE SOUZA, então com 23
 anos de idade, a exemplo de muitos e muitos outros jovens nordestinos, inconformado  com a falta de oportunidade para crescimento material em sua terra, resolveu procurar  na região amazônica ( nesse tempo a Meca dos lugares promissores do País, principalmente por conta da enorme valorização da borracha ), melhores condições de vida, demonstrando com tal iniciativa, desassombro e destemor, na busca por seu ideal.
 Chegando à Belém, resolveu que, imediatamente, viajaria para o Estado do Amazonas, a bordo de um dos " vapores " que faziam a linha da capital paraense até Manaus, lugar onde viviam os donos de seringais, os famosos " barões da borracha ", assim chamados
 porque, afirmam, chegavam a acender charutos caríssimos com notas de contos de reis!
 As viagens, subindo o rio, demoravam até 20 dias para chegar ao destino.  É que as caldeiras, cujo vapor gerava a força motora para impulsionar os navios, necessitavam de muita lenha, que era recolhida em diversos pontos do percurso e, quando não  havia uma quantidade suficiente para alcançar o próximo ponto de coleta, a espera era inevitável, enquanto se recolhia a lenha complementar.
Com isto era de se esperar que durante a jornada,  os companheiros de viagem, mantendo um convívio diuturno, passassem a se conhecer melhor, surgindo entre alguns deles, não raro, um sentimento de simpatia e amizade. Foi exatamente o que aconteceu entre o jovem FRANCISCO e um outro viajante, bem mais maduro, que se chamava JOSÉ CLEMENTINO DE FIGUEIREDO...                                        
                                                                       
                                                                   
Continua na próxima sexta-feira.

Bom fds a tds.

Clóvis de Guarajuba
Ong Ande&Limpe

sexta-feira, 5 de maio de 2023

NUNCA PARAMOS DE APRENDER!...

- Aos 8 anos aprendi que não posso dizer certas palavras que meu pai diz;
- Aos 11 anos descobri que a professora sempre me chama quando não sei a resposta;
- Aos 13 anos descobri que quando meu quarto está do jeito que eu gosto, a mamãe manda arrumá-lo;
- Aos 15 anos descobri que não devo descarregar minhas frustrações no meu irmão mais novo porque meu pai tem frustrações maiores e a mão bem mais pesada;
- Aos 20 anos aprendi que quando chego atrasado no trabalho o patrão chega mais cedo;
- Aos 25 anos aprendi que nunca devo elogiar a comida da mamãe quando estiver comendo alguma coisa feita pela minha mulher;
- Aos 29 anos aprendi que quando temos, finalmente, uma noite sem as crianças, passamos a maior parte do tempo falando sobre elas;
- Aos 34 anos aprendi que quando mais preciso de férias é justamente quando volto delas;
- Aos 42 anos aprendi que se estamos levando uma vida sem fracassos é porque não nos arriscamos o suficiente;
- Aos 44 anos aprendi que as gravatas de seda caras são as únicas que atraem o molho de espaguete;
- Aos 48 anos aprendi que para saber quem realmente manda na casa é só observar quem toma conta do controle remoto da TV;
- Aos 55 anos aprendi que o homem tem 4 idades:
- Quando acredita em Papai Noel;
- Quando não acredita em Papai Noel;
- Quando é o Papai Noel e
- Quando se parece com Papai Noel.
- Aos 60 anos aprendi que não posso mudar o passado, mas posso 
" deixar pra lá ";
- Aos 63 anos aprendi que todas as pessoas que dizem " dinheiro não é tudo " geralmente tem muito dinheiro;
- Aos 65 anos aprendi que viver sozinho é muito bom se você for um queijo ou um bom vinho;
- E, finalmente hoje, aos 80 anos aprendi que tenho muito que aprender!!!


Abraços, bom final de semana, até a próxima.

Clóvis de Guarajuba
ONG Ande&Limpe