sexta-feira, 31 de março de 2023

- O INCRÍVEL E INTRIGANTE MUNDO DOS INSETOS - XII final -

                                                                        - Jataí -



 ...no entanto o Dr. Ribbands continuava na tentativa de decifrar o enigma apresentado pela Sra. Perepelova: qual a razão  da " inibição " que impede as obreiras de porem ovos, que só deixa de existir quando a colmeia, sem rainha, ameaça sucumbir? Observou, então, que quando a rainha falta, vários dias se passam até a colmeia adaptar-se às novas circunstâncias, exatamente o tempo necessário para que o alimento circule com o elemento que acaba com a " inibição ". Pensou o Dr. Ribbands então, que o alimento constitui uma espécie de sistema circulatório de corrente sanguínea.

Deste modo, Ribbands formulou a hipótese da colmeia-animal, constituída por um grande número de organismos que, com funcionamento individual, são controlados pela mesma essência da colmeia: o seu alimento. Ainda restam muitos aspectos para serem investigados, como, por exemplo, determinar os elementos químicos contidos no alimento e determinar as suas propriedades. Contudo, a maioria dos cientistas que atualmente realizam trabalhos investigativos sobre as abelhas, considera certa  tal interpretação.

Somente a partir do momento em que me dediquei a busca do conhecimento mais detalhado sobre as abelhas, descobri que presenciei, sem saber, a morte de uma colmeia de abelhas selvagens. Viviam em um compartimento do armário da cozinha de nossa casa de praia, em Guarajuba, litoral Norte da Bahia, aonde guardávamos mantimentos, inclusive açúcar. Resolvi preservar para elas tal compartimento, uma vez que não tinham ferrão. Claro que tal preservação não tinha nada de científico; queria mesmo era poder colher uns favos e deliciar-me com a sensação gostosa de mastigá-los...Certo dia, ao voltarmos de uma das inúmeras viagens da família, notamos que havia uma quantidade importante de abelhas caídas no chão. e, aonde havia há anos aquele zumbido característico, reinava o silêncio. Observando mais detidamente, descobri uma rainha pequena e ressequida sendo apertada fortemente por outras abelhas, que, com tal ação, pareciam querer transmitir a ela alguma espécie de " sangue " ou fluido vital. A rainha estava morta! Sem compreender, concluí, depois, que assistira a morte de um ser complexo, sem o qual a nossa Terra seria infinitamente mais pobre!


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Clóvis de Guarajuba

Ong Ande&Limpe 

sexta-feira, 24 de março de 2023

- O INCRÍVEL E INTRIGANTE MUNDO DOS INSETOS - XI -


 

Ao mesmo tempo em que os estudiosos faziam suas descobertas, o zoólogo Karl Von Frisch, austríaco, descobria que as abelhas coletoras possuem uma espécie de " linguagem " para informarem entre si a que distância e em que direção se encontram os lugares em que se podem encontrar o néctar e o pólen. A coletora que encontra esta fonte de matéria prima regressa à colmeia e executa uma " dança " diante das suas companheiras. Se esta " dança " é feita com energia, traçando oitos no ar, é sinal que as flores estão longe ( o observador pode contar em metros, tal distância ); se a abelha aponta em sua dança para cima, as flores estão para o lado do sol; se apontam para baixo, o local é em direção oposta. Quando, ao dançar, o individuo descreve um ângulo de sessenta graus está afirmando que quando saírem da colmeia devem tomar o rumo que as leve a sessenta graus em relação ao sol. Para informar a espécie de flores que encontrou, a abelha dá a cada uma um pouco de néctar ou pólen que encontrou e trouxe consigo.

Martin Lindauer descobriu mais tarde que as exploradoras usam a linguagem da dança para indicar àquelas que se dispõe a instalar uma nova colmeia, o lugar mais apropriado para tal empreitada. Com base na posição que a abelha assumia e na rapidez dos movimentos da dança, Lindauer conseguiu chegar a tempo no lugar indicado e assistir a chegada do enxame. Precisava agora descobrir quem determinava as funções que cada membro deveria exercer. O especialista em abelhas, Dr. C.R. Ribbands, dedicou-se a estudar este ponto e observou um pormenor na vida da colmeia no qual ninguém havia reparado: a constante circulação do alimento que passa da ama à rainha, desta às cereiras, às limpadoras de células, às receptoras e às coletoras. E, em sentido contrário, das coletoras às limpadoras de células, às cereiras, às amas e à rainha. O Dr.Ribbands concluiu então que, em cada fase do seu desenvolvimento, as abelhas produzem diferentes secreções glandulares ou enzimas, e que, quando houver uma quantidade suficiente de todas estas substâncias na colmeia, seus membros sabem que ela está gozando de perfeita saúde...


-continua -


Obrigado pela visita.


Clóvis de Guarajuba

Ong Ande&Limpe   .

sexta-feira, 17 de março de 2023

- O INCRÍVEL E INTRIGANTE MUNDO DOS INSETOS - X -




...ao final de poucas semanas, a Sra. Perepelova verificou que algumas obreiras acorriam com muita pressa às células-ninho vazias, onde introduziam a cabeça. Verificou-se, então, algo incrível: com o fim de restabelecer a normalidade da colmeia, inúmeras abelhas antes estéreis começaram a por ovos, enquanto as amas se agrupavam ao seu redor, para alimentá-las com o " leite das abelhas ". Penosamente, pouco a pouco as abelhas estéreis continuaram a por por volta de seis a oito ovos, diariamente - quantidade insignificante se compararmos com os dois a três mil ovos que põe a abelha rainha -. A Sra. Perepelova concluiu que, na falta da rainha, acaba a inibição que impede as obreiras de porem ovos. 

Os entomólogos especialistas no estudo das abelhas, esforçam-se para descobrir a que outros meios uma colmeia recorre para recuperar a sua saúde. Mykola Haydak, que trabalha em um laboratório experimental norte-americano, extraiu um favo de larvas de uma colmeia e isolou-o. Depois introduziu nele várias abelhas recém-nascidas, sem a presença de abelhas limpadoras, amas, cereiras, guardas e coletoras. Feito isto, esperou pacientemente.

A adaptação das abelhas foi imediata. De tal maneira aceleraram sua evolução, que aos três dias de nascidas, saiam para explorar a vizinhança, enquanto outras da mesma idade construíam células - trabalho que só costuma ser efetuado aos dezesseis dias de vida -. No quarto dia já recolhiam pólen e, ao final de uma esgotante semana de trabalho incessante, a colmeia prematura começou a funcionar normalmente! 

Quando Haydak publicou suas experiências, especialistas interrogaram-se sobre se as abelhas poderiam inverter a ordem do seu desenvolvimento e, na Iugoslávia, a Sra. Vasilja Moscovljevic, colocou em um favo de larva, isolado convenientemente, a rainha e quinhentas e três abelhas coletoras de pólen, de vinte e oito dias, às quais se secaram previamente as glândulas lactíferas. As abelhas viram-se então ante duas possibilidades e alternativas: deixar morrer as larvas ou produzir leite. Ao fim de alguns dias , as células continuavam sem alimento. Em determinada tarde, por fim, a Sra. Moskovjevic observou que uma coletora se inclinava sobre uma das células e, pra seu espanto, viu que uma brilhante gota de leite de abelha acabara e ser depositada junta à boca de uma larva recém-nascida. Ao examinar aquela abelha coletora ao microscópio, a Sra, Moskovjevic constatou que, como por milagre, as velhas e secas glândulas tinham-se enchido de leite. Havia-se, então, conseguido o impossível: o retorno à juventude!...


-continua -


Até a próxima sexta-feira.


Clóvis de Guarajuba

Ong Ande&Limpe  

sexta-feira, 10 de março de 2023

- O INCRÍVEL E INTRIGANTE MUNDO DOS INSETOS - IX -

 




...as abelhas usadas pelo cientista, algum tempo depois deixaram de executar os trabalhos de ama e começaram a recolher e armazenar o néctar trazido pelas outras abelhas. Ao observá-las mais de perto, notou que as glândulas secretoras de leite começaram a se atrofiar, e que, ao contrário, os sacos de mel localizados no abdomem estavam cheios de néctar e mel. Nesta fase, a idade das abelhas era, em média, de onze dias e aos quinze dias de vida começaram a fabricar cera; o exame no microscópio revelou mudanças em seu organismo favoráveis à nova tarefa: as glândulas ceríferas haviam se desenvolvido de maneira acentuada. Aos dezoito dias começaram a trabalhar como sentinelas e ao cabo de vinte e um dias começaram a trabalhar como coletoras de néctar, atrofiando-se as glândulas ceríferas. Segundo os estudos de Rosch, a abelha obreira vive por volta de trinta e oito dias.

Ao serem publicados os estudos de Rosch, outros cientistas iniciaram suas próprias investigações. Em Munique, o Dr. Martin Lindauer verificou modificações relativas ao regime de trabalho das abelhas observado por Rosch. Uma das mais interessantes modificações, foi o fato de uma abelha previamente marcada, fazer guarda durante nove dias seguidos. Notável também foi a descoberta feita na Rússia pela Sra. L.I.Perepelova, de algumas abelhas precoces que fabricavam cera apenas dois dias após o nascimento, trabalho este efetuado normalmente após 15 dias de vida. Ficou evidente que a colmeia possui um alto grau de adaptação, podendo executar qualquer de suas tarefas antes do prazo normal, desde que o exija o bem estar da comunidade. No mundo todo, os cientistas resolveram averiguar até que ponto estes insetos são capazes de se adaptar. Os resultados mais notáveis foram os obtidos pela Sra. Parepelova. Ela retirou de uma colmeia a rainha, as larvas e os ovos, para ver como reagiriam as obreiras. A ausência da rainha passou despercebida por várias horas; por fim, uma das obreiras destinadas a cuidar da rainha endireitou as antenas, começou a dar voltas pela colmeia e trocou alimento com uma cereira próxima, que também se pôs a bater as asas. Depois, acercou-se de outras com quem trocou alimento e então, todo o enxame aos poucos começou a " gemer ". O lamento cresceu e espalhou-se por toda a colmeia, até toda ela vibrar como se estivesse sofrendo um ataque febril!...


-continua -


obrigado pela visita.


Clovis de Guarajuba

Ong Ande&Limpe


sexta-feira, 3 de março de 2023

- O INCRÍVEL E INTRIGANTE MUNDO DOS INSETOS - VIII -



...parte das obreiras monta guarda à entrada da colmeia, para que nela só entrem as abelhas que fazem parte do enxame. São reconhecidas pelo cheiro, detectado através dos 12.000 filamentos que compõem o aparelho olfativo localizado nas antenas. As intrusas são mortas imediatamente. Para completar a relação das tarefas desempenhadas pelas obreiras, elas fazem , com o uso do batimento das asas junto da entrada, o arejamento da colmeia; fazem a limpeza e executam a construção das células.

Observando como as abelhas cumpriam, ano após ano, invariavelmente, suas variadas funções, os apicultores interrogavam-se como cada uma delas sabia qual o trabalho que lhe correspondia; como se inteiravam de que a colmeia precisava de mais células para o armazenamento das larvas ou da conveniência de reforçar a guarda na entrada.

O cientista alemão, G.A. Rösch, no ano de 1925, suspeitando que a idade das abelhas estava relacionada com o tipo de trabalho a executar, marcou com tinta as abelhas recém nascidas e notou que, enquanto as asas endureciam, elas começavam a limpar as células e, ao cabo deste trabalho, começavam a alimentar com " leite de abelha " - como também é chamada a geleia real - as larvas mais desenvolvidas. Rösch, então, ao observar uma delas ao microscópio, verificou que o seu desenvolvimento físico estava relacionado com as funções que exercia. Assim, constatou que o engrossamento das glândulas faríngeas, situadas na parte anterior da cabeça do inseto, e que segregam o leite, correspondia ao de uma abelha ama. Ao passar uns dias, as abelhas amas deixaram de alimentar as larvas mais desenvolvidas e passaram a alimentar às mais jovens. Após repetidos estudos com as abelhas marcadas, o cientista chegou a conclusão de que as amas jovens alimentavam as larvas maiores e as amas velhas, às de idade inferior...


-continua -

Até a próxima sexta-feira.


Clóvis de Guarajuba

Ong Ande&Limpe