sexta-feira, 27 de maio de 2022

GABRIEL, O GALO...




Quando minha primeira mulher se foi (que Deus a tenha em Sua infinita glória), deixou-me, além da imensa saudade, alguns de seus passatempos preferidos aqui na chácara onde moro.
Mãe, mulher e dona de casa dedicada, tratava com muito carinho os jardins que plantou com suas próprias mãos, ao longo dos quase  40 anos  em que fomos casados. Também gostava de criar aves, como galinha d'angola ( picota, lá na minha terra), pato e galinha. Essas
criações, por absoluta falta de jeito, não tive como continuar a implementá-las e, juntamente com meu caseiro e sua família, fomos comendo seus componentes ao longo de algum tempo.
Ao final, sobrou apenas um pequeno pinto que, por ser tão pequeno, ficou livre e solto no quintal. Ele crescia quase desapercebido, quando numa bela antemanhã, fui despertado por
um desafinado e esganiçado canto (?), que pretendia ser um "co-co-ro-có ".  Aos poucos, nos dias que se seguiram, o canto foi se tornando mais estridente e afinado, até que, finalmente, já se fazia ouvir na vizinhança. Ocorre que, sentindo-se o autêntico " dono do terreiro ", cantava a qualquer hora do dia ou da madrugada, quase sempre vindo fazê-lo bem perto da janela do meu quarto! Embora com tratamento acústico e, geralmente com o ar condicionado ligado, o canto invadia estridente minhas madrugadas, interrompendo abruptamente meu sono mais gostoso. Um dia, resolvi botar um fim a essa " falta de respeito " e mandei o caseiro abater o galo, que, batizado pela minha atual mulher com o nome de GABRIEL, deveria ser, assado de forno, o
 " pièce de résistance " no almoço do dia seguinte. Notei algo de estranho no olhar do caseiro, ao receber a determinação. Ainda assim, cumpriu a ordem e, no dia seguinte, depois de preparado por sua mulher, me foi servido no almoço. Estranhei o fato do GABRIEL vir pra minha mesa inteiro, pois havia dito que eles poderiam comer a metade. Chamei os dois e, ao insistir para que levassem parte do galo, disseram que agradeciam muito mas que já haviam almoçado. Querendo bancar o durão na frente dos dois, cortei um pedaço do GABRIEL, botei no prato, espetei com o garfo... mas não tive coragem de levá-lo à boca!... Naquele momento minha
mente registrou, num relance, cenas de antropofagia vistas alhures, em histórias lidas e vistas em filmes. Levantei, peguei a bandeja com o galo, andei em silêncio para um local arborizado, mandei o caseiro
 ( que me seguira em silêncio ao lado da esposa ) cavar um buraco na areia e depositei aqueles despojos. Hoje, pode-se ler na placa de cimento que cobre o túmulo:

AQUI JAZ O NOSSO QUERIDO GABRIEL. "




Excelente final de semana, abraço para todos os amigos e visitantes.

Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 20 de maio de 2022

- A LIÇÃO QUE VEM DE BAIXO...

                                                           
                                                       - foto Internet -

Era outono. Sentado em um banco de jardim, fiquei observando algumas folhas que caíam das árvores, derrubadas pelo passar do vento. Tudo na natureza tem chegadas e partidas, idas e vindas, nascimento e morte. As folhas, quando verdes, apegam-se aos seus galhos, resistindo, obstinadas, às tempestades. Mal começam a amarelar, porém, perdem naturalmente a resistência e, sem nenhuma lamentação, deixam-se levar pela inexorável roda da vida. Algumas são levadas precocemente pela mão que poda, para revigorar a vida. Mortas, embora, não perdem a utilidade. Transformam-se em adubo para as outras plantas. De repente, tenho minha atenção despertada por uma fila de formigas que passam diante de mim. Passo a observá-las atentamente e fico maravilhado com o trabalho que desenvolvem em prol da comunidade. Em busca de suprimentos para armazenar antes do inverno que se aproxima, trabalham arduamente, somando para depois dividir, respeitando a lei da sobrevivência. Levam para o mesmo destino pequenas cargas de folhas compatíveis com suas possibilidades. Noto, porém, que uma delas tem um enorme fardo, bem maior do que pode carregar; anda um pouco, mas logo para talvez juntando forças para prosseguir. De repente, uma de suas companheiras ainda sem carga nas costas, parece perceber o enorme esforço, deixa a fila e, apressando o passo, vem socorrer sua extenuada semelhante. Onde será que ela aprendeu a ser solidária? Seria instinto puro e simples? Jamais saberemos. E ela coloca-se ao lado da companheira e, juntas dividem o peso, caminhando lado a lado no mesmo passo. Vendo esta cena penso comigo mesmo no quanto ainda tenho de aprender e crescer, embora já em idade avançada. E sinto-me menor do que esses pequenos insetos sem inteligência, sem coração e sem emoção. E lá se foram as duas com seu fardo até  desaparecerem ao entrar no ninho, local do armazenamento. Contemplo o restante da fila que prossegue em seu trabalho e me pergunto: quem somos nós, os humanos? Tantos filósofos, tantas religiões, tantos gurus, tantos mestres e ainda não sabemos dividir os fardos de nossas vidas com amigos, vizinhos, conhecidos ou qualquer um dos nossos semelhantes. Muitas vezes nem com aqueles que vivem sob o nosso teto ou que nos dão " bom dia " sempre que nos encontram.
Encontrei solidariedade, sabedoria, lição de vida e harmonia em um pequeno e singelo jardim. Levantei, olhei para o sol radiante e refleti agradecido: Folhas mortas, formigas...
Abaixo dos nossos pés se esconde uma grande sabedoria.
Jamais se ouviu o lamento das folhas que caem quando chega seu fim!
Jamais se ouviu o lamento de uma formiga que trabalha horas a fio, desviando em sua trajetória de diversos obstáculos.
Aprendi que antes de me lamentar pelos percalços da vida, devo a partir de hoje, olhar para o chão...


sexta-feira, 13 de maio de 2022

- O EXEMPLO NATURAL.



                                                             - Carvalho e Eucalipto -
                                                                          Internet

É comum acontecerem, ao longo da nossa vida, problemas que podem parecer muito graves, à primeira vista, mas que acabam por perder o significado pouco tempo depois.
Você certamente já ouviu a expressão " jogo de cintura "; pois bem, há nas nossas vidas, a todo momento, ocasiões em que esta postura é exigida, sob pena de transformarmos em risco vital, episódios e situações a que estamos sujeitos ao longo de nossa caminhada neste mundo. É importante que encaremos tais situações como naturais e, com inteligência, tentemos pinçar da própria natureza exemplos significativos que certamente nos ajudarão a suportar com altivez, todos os percalços que aparecem ao longo da vida.
Escrevo este artigo, pensando nas palavras postadas em uma página social por uma querida sobrinha, nas quais ela demonstra estar atravessando uma situação adversa. Pra ela, em especial, vou apresentar a seguir, um veemente exemplo de como proceder para suportar qualquer tormenta:
O eucalipto e o carvalho são duas árvores muito bonitas e até semelhantes no visual; no entanto, em suas essências, guardam uma diferença cósmica, quando precisam enfrentar uma tempestade. O carvalho permanece rígido e imutável durante a tormenta, o que, muitas vezes, significa sua própria morte.. O eucalipto, no entanto, sabiamente se curva diante da tempestade, porque é maleável, flexível e prefere dizer não ao enfrentamento e, passada a tormenta, retoma com altivez seu ciclo vital, naturalmente intacto.
Tal qual o carvalho, nossa luta pode ter consequências catastróficas  se nos mantivermos rígidos, tentando resistir às tempestades sem ter nenhuma maneabilidade. Assim, de tanto oferecer resistência, o carvalho acaba por se quebrar e muitas vezes, ao passar a borrasca, jaz lascado e abatido no chão. Nós, também, poderemos sair seriamente machucados se nos endurecermos frente aos problemas que a vida nos oferece. Aceitar e ter flexibilidade, é a melhor maneira de enfrentar e absorver as experiências desagradáveis com que certamente nos encontraremos.
Sejamos inteligentes e aprendamos cada uma das lições apresentadas nesta vida porque cada uma delas, poder-nos-á ser útil lá mais à frente!


Bom fds a todos.

Clóvis de Guarajuba

ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 6 de maio de 2022

- TEMPO PERDIDO? Que tempo???



                                                                    Imagem da Internet


Por que nos cobramos tanto!? Fez o que era possível fazer naquela ocasião e não deu certo? E daí!? O possível, às vezes, é quase nada. Então não se culpe e não perca a paciência; apenas espere.
Faça como o agricultor que se transforma em meteorologista antes de semear. Olha para o tempo e, se achar que não vai chover, não semeia. Se a chuva veio, apesar de sua previsão, ele apenas aguarda a próxima oportunidade. Mas tem a mais clara consciência de que, se a chuva não vier, perderá toda a semente, o dinheiro e o trabalho e se a chuva vier em demasia, perderá tudo, igualmente, pois o excesso de chuva pode arrancar do solo as sementes.
Não pense  que o tempo de espera é inútil: se aquele emprego que você esperava não veio, quem sabe se não virá outro melhor depois?
O relacionamento acabou? É porque não era esse o seu verdadeiro amor!
E o concurso que você fez, não passou? Talvez seja porque você não seria feliz nesse trabalho.
Perdeu o avião? nada de estresse: será que você não se livrou de terríveis turbulências que obrigariam você a chegar atrasado ao destino ou talvez nem chegar?...
Por que ficar preocupado com a próxima segunda-feira se estamos na quinta e sequer temos certeza que chegaremos lá, na segunda?
Ligue-se no hoje.
Lembre-se que o tempo não existe. Ele é apenas uma convenção que o homem criou pra medir sua fragilidade e insignificância. O Universo não tem nada a ver com o nosso tempo. O Universo é eterno. Lembra do Lavoisier?: ...nada se perde, tudo se transforma.
O Universo não caminha com o relógio; pra ele o tempo não existe.
Então entenda que só o AGORA interessa!
Viva este momento. Só ele é o seu tempo; o resto é aventura, é sonho ou pesadelo, depende das suas emoções.
Sempre que tiver uma chance, faça o bem, cultive a paz e a harmonia.
O melhor dia da sua vida é o hoje. Divirta-se!!!


Obrigado pela visita e bom fim de semana.

Clóvis de Guarajuba

ONG Ande & Limpe