sexta-feira, 26 de abril de 2019

- SOBRE O AMOR!...



                                          ( publicada originalmente neste espaço, em 2009. )

                        


Ao abrir a porta pela manhã, aquela mulher viu três homens bem velhos sentados debaixo da mangueira. Como não os conhecia, perguntou quem eram e, sem esperar qualquer resposta,
convidou-os a entrar para comer algo. Pareciam estar famintos.
-O homem da casa está? - perguntou um deles.
-Não. Foi trabalhar. - respondeu a mulher.
- Então não podemos entrar! - disse um dos homens.
À noite,quando seu marido chegou, a mulher apressou-se a contar o sucedido. Ele foi até os anciãos e convidou-os para entrar.
- Não podemos entrar juntos! disse um deles.
- Por que isso? - perguntou o homem.
- É que o nome dele - disse apontando para um dos velhos - é FARTURA.
Um outro velho completou, dizendo:
- Ele é o SUCESSO e eu sou o AMOR. Vá, converse com sua mulher e resolvam qual de nós três deverá entrar primeiro.
A discussão foi acalorada e envolveu até uma cunhada que estava presente.
- Acho que devemos trazer o FARTURA, disse o marido.
- Não! - retrucou a mulher - é o SUCESSO que deve entrar!
Não havendo consenso, a cunhada resolveu dar um pitaco:
- Não seria melhor trazer primeiro o AMOR? - disse com humildade.
Menos para atender à opinião da cunhada e mais para não ter que ceder ao outro, o casal resolveu chamar o AMOR.
Ao levantar-se para entrar na casa, o AMOR foi incontinente, seguido pelos outros dois velhinhos.
Surpresa, a mulher disse:
- Convidei apenas o AMOR... por que vocês entraram?!
E os velhos responderam em uníssono:
- Se os senhores convidassem o SUCESSO ou o FARTURA, os outros dois esperariam aqui fora. Mas quando o AMOR entra em um lar, sempre é acompanhado pelo SUCESSO e pela fartura!!!



Bom final de semana.
Grande abraço.



Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 19 de abril de 2019

O CORAÇÃO PERFEITO - reflexão.

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O rapaz estava no centro da cidade proclamando ter o coração mais belo da região. Foi cercado por uma multidão e todos admiravam seu coração. Realmente não havia marcas ou defeitos. Todos concordaram que aquele era o coração mais bonito que já haviam visto. O jovem ficou muito orgulhoso por possuir tão belo coração.
De súbito, apareceu um velho diante da multidão e disse serenamente:
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- Desculpem, mas o coração desse jovem não é tão bonito quanto o meu!
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O jovem e a multidão olharam para o coração do velho que, apesar de estar batendo com vigor, tinha muitas cicatrizes. Havia lugares em que pedaços haviam sido removidos e outros tinham sido colocados no lugar, mas estes não se encaixavam direito, causando muitas irregularidades. Até faltavam pedaços em alguns pontos!
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O jovem olhou para o coração do velho e disse:
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- O senhor deve estar brincando!... Compare nossos corações. O meu está intacto, perfeito, enquanto o seu é uma mistura grotesca de cicatrizes e buracos!
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-Sim, disse o velho. Olhando assim seu coração parece perfeito, mas eu jamais trocaria o meu pelo seu. Veja, cada cicatriz representa uma pessoa para quem dei o meu amor. Tirei um pedaço do meu coração e dei a cada uma dessas pessoas. Muitas delas deram-me, também, um pedaço de seus próprios corações, para que
colocasse no meu, mas como não são exatamente iguais, há essas irregularidades. As estimo muito porque me fazem lembrar do amor que compartilhamos. Algumas vezes dei pedaços do meu coração a pessoas que não retribuíram, daí os buracos que aparecem agora. Eles doem. Ficaram abertos para lembrar do amor que senti por essas pessoas... Um dia espero que elas ainda retribuam, preenchendo esses vazios. E então, meu jovem? Você entende agora o que é a verdadeira beleza?
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O rapaz ficou mudo enquanto lágrimas escorriam pela sua face. Aproximou-se do velho, tirou um pedaço de seu perfeito e jovem coração e ofereceu ao velho que retribuiu o gesto. O jovem olhou para seu próprio coração, não mais perfeito como antes, mas muito, muito mais bonito. Então, os dois se abraçaram e saíram caminhando lado a lado... Como deve ser terrivelmente triste passar a vida com o coração intacto!!!
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Um ótimo final de semana a todos e até a próxima postagem.
Grande abraço,
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Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 12 de abril de 2019

APRENDENDO COM O TEMPO

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O tempo é sábio e, sem egoísmo, ensinou-me a desfazer os nós dos dedos tensos, a soltar os cabelos ao vento, a perpetuar um sorriso na face, a deixar fluir a languidez no corpo, a rever velhos e calejados conceitos, a perfumar as gavetas, a olhar mais para o firmamento e descobrir novos astros, a ficar mais paciente e brigar menos por coisas menores, a aproveitar mais o dia e  a viver mais intensamente a noite, a ceder o lugar na fila e no estacionamento, a distribuir mais elogios e aceitá-los sem desconfianças, a fazer longas caminhadas com passos menos competitivos, a sentar
nos degraus da varanda, a alimentar gatos vadios, a acariciar rosas orvalhadas sem ceder a tentação de colhê-las, a sublimar angustias e ansiedades, a enternecer-me com a juventude sem invejar seu entusiasmo. Sigo assim, vivendo com serenidade cada um desses momentos que aprendi a entender únicos, com o passar do tempo...
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Um ótimo final de semana, até a próxima.
Abraço,
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Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 5 de abril de 2019

COMPAIXÃO......

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Era um homem muito velho, ja quase cego e surdo, com os joelhos muito trêmulos. Quando sentava à mesa para comer, mal conseguia segurar a colher. Vivia derramando a sopa na toalha e quando afinal acertava a boca, deixava sempre escorrer um bocado pelos cantos. O filho e a nora dele - ele morava na casa deles - achavam aquilo uma porcaria e enjoavam ao ver a cena. Um belo dia, acabaram obrigando o velho a sentar num canto da cozinha, atrás do fogão. Levavam pra ele a comida numa tigela de barro e o que era pior, não lhe davam o suficiente. O velho olhava para a farta mesa com
os olhos compridos e muitas vezes, cheios de lágrimas. Um dia suas mãos tremeram tanto que a tigela caiu no chão e se quebrou. A mulher, sua nora, gritou com ele mas ele não disse nada, apenas suspirou. Depois ela falou com seu marido e este resolveu
comprar uma gamela de madeira, bem baratinha na qual, dai em diante, passaram a servir a comida ao pobre homem.
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Dias depois, quando estavam todos sentados na cozinha, o neto do velho, de mais ou menos 4 anos, brincava com alguns pedaços de madeira quando o seu pai perguntou:
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- O que é que você está fazendo com esses paus?!
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- Estou fazendo dois cochos para você e a mamãe poderem comer quando eu crescer!
Respondeu o menino.
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O marido e a mulher, depois de se entreolharem por um momento, caíram no choro.
Depois desse episódio trouxeram novamente o velho para a mesa onde passaram todos a comer juntos. E, mesmo quando o velho derramava alguma coisa, ninguém dizia nada.
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É... a compaixão, decididamente, é uma das grandes virtudes
do ser humano!!!
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Um ótimo final de semana, voltem sempre.
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Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe