sexta-feira, 24 de abril de 2020

RITUAIS FÚNEBRES VI





Assim como outros componentes dos rituais fúnebres, as lápides obedeciam, em sua origem, a entregar os mortos aos cuidados de um deus e garantir sua segurança debaixo da terra. Desde tempos imemoriais que as sepulturas, ao contrário do que se possa pensar, são assinaladas com uma cruz e constituem uma reminiscência da cruz de anéis dos antigos adoradores do sol. Bem mais tarde, quando a cruz se tornou o símbolo do cristianismo, a cruz de anéis foi primeiramente adotada como símbolo da Igreja Celta. Até o final do século XVI, somente os membros da classe dominante podiam ter seus túmulos marcados com a cruz. Até a posição dos corpos nas sepulturas podia - cria-se - facilitar o desprendimento da alma do corpo. Algumas antigas tribos galesas, enterravam seus mortos na posição vertical, para facilitar e abreviar a chegada da alma ao céu. Frequentemente os túmulos dos cristãos estão voltados para leste ou oeste, a depender do lugar do sepultamento, com o abjetivo de apontar o corpo na direção de Jerusalém. Já no
Japão, os corpos são enterrados com as cabeças em direção ao norte. Essa tradição que deve ser apenas para os mortos, é de tal maneira levada a sério pelos japoneses, que muitos viajantes não esquecem de levar uma bússola na bagagem, com o fim precípuo de saberem onde fica o norte, para  não dormirem com a cabeça apontada nesta direção! É que acreditam piamente, que tal posição lhes trará azar.

Continua na próxima postagem.......

Bom final de semana a todos os meus ilustres visitantes.
Abraço,

Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 17 de abril de 2020

RITUAIS FÚNEBRES V.





O costume de enterrar objetos junto com os mortos, resultou em casos extremos e muito dispendiosos, como  comprovou a descoberta do túmulo do jovem faraó egípcio Tutankhamon.
Ali foram encontrados tesouros fabulosos em ouro, marfim e outras preciosidades. Por outro lado, alguns sepultamentos transformavam-se em verdadeiros holocaustos. No funeral dos antigos reis citas, como Arianto e Dario ( por volta dos anos 500 a.C. ), foram enterrados vivos mulheres, escravos e cavalos, com o objetivo de servi-los condignamente no além túmulo.
Nem se passaram 100 anos, quando algumas mulheres indus aceitavam o costume do sutee que consistia em se jogarem sobre as piras funerárias dos maridos, para que nem a morte os separasse. Muito embora em alguns estados da Índia essa prática fosse considerada crime por uma lei de 1829, ainda os ingleses, no começo do século XX, tiveram que se esforçar muito
para erradicar essa tradição. Os chineses mantêm a pratica de enterrar oferendas, com uma despesa bem menor: eles enterram seus mortos com a réplica dos objetos de uso pessoal, feitas
de papel.   Já os tibetanos, por acreditarem na reencarnação, dedicam à morte a mesma " arte " que empregam à vida. Assim como aos vivos, eles leem para os mortos o Bardo Thodol -
Livro Tibetano dos Mortos - . Eles creem que, desse modo, se instrui o morto sobre os mistérios que os esperam na vida extraterrena, antes de seu regresso à Terra, numa outra
encarnação.

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Um ótimo final de semana a todos.
Abraço,

Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe  

sexta-feira, 10 de abril de 2020

RITUAIS FÚNEBRES IV.





Graças ao costume de colocar objetos nos túmulos junto ao morto, mantido durante séculos, os arqueólogos puderam deduzir - à vista das oferendas escolhidas - as ideias dos diversos povos sobre o que esperavam da vida após a morte. Os egípcios acreditavam numa vida além túmulo  rica e luxuosa. Assim, colocavam na tumba objetos ornamentais e utensílios domésticos. Os Vikings sepultavam seus heróis mortos junto com armas que seriam usadas
no Valhalla: eles eram incapazes de imaginar um Paraíso sem lutas e guerras. Assegurava-se também que o morto fosse provido do necessário para usar no " novo mundo ", para não sentir vontade de regressar ao " mundo antigo ". De igual modo, as coroas de flores não eram apenas ornamentos colocados para honrar a memória dos mortos; a principal função era atuar como um círculo mágico que prendia a alma, impedindo-a de voltar ao mundo dos vivos, ao qual não mais pertenciam. Os antigos gregos colocavam na sepultura uma moeda de ouro com o objetivo de pagar a passagem do barco que levaria o morto através do Estige - uma ninfa mitológica - para o Hades - deus grego do submundo dos mortos -.
 Na Escandinávia calçavam-se os defuntos com resistentes sandálias, para supostamente lhes facilitar a longa caminhada para o " novo mundo ".
 Já os índios americanos Zuni, costumam enterrar pão nas sepulturas, para que o guerreiro morto não tenha de voltar
ao mundo dos vivos, quando sentir fome.

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Um ótimo final de semana a todos. Obrigado pela visita.
Abraço,




Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 3 de abril de 2020

RITUAIS FÚNEBRES. III





O ritual da cremação de corpos foi por muitos séculos considerado ilegal nos países cristãos, porque se contrapunha à doutrina da ressurreição corporal. Era exatamente por essa razão que  as 
" feiticeiras " medievais eram amarradas a um poste e queimadas
- de modo a destruir-lhes os corpos nefandos e as almas  -. 
Na Inglaterra, a cremação começou a ser admitida há
pouco mais de 120 anos. quando o Dr.William Price, galês excêntrico que se considerava um chefe druida, cremou o cadáver de seu próprio filho. Price foi a julgamento em Cardiff em 1884.
O juiz que presidiu o julgamento determinou a inocência do réu e considerou a cremação legal, desde que não trouxesse prejuízo nem incomodasse a outrem. Assim foi aberto o caminho que nos levou
aos crematórios modernos. O enterro, pelo contrário, era destinado a conservar o corpo, quer devido à crença cristã do " Dia do Juízo Final ", quer por se considerar o corpo necessário na vida de além túmulo. Os antigos faraós egípcios, tinham seus órgãos cuidadosamente retirados e embalsamados separadamente de seus corpos. Antes do túmulo ser lacrado, esses órgãos eram colocados ao lado do corpo mumificado. Era crença que, desse modo, se garantia ao rei morto a permanência física integral no outro mundo, para onde o faraó estava transitando.



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Desejo a todos os meus amigos e visitantes um ótimo fds.

Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe