sexta-feira, 25 de setembro de 2020

10 - DESASTRE AÉREO. - III -


  
  

O piloto do Piper, J.C.P., estava de férias e fora visitar a família na cidade de Januáriaem Minas Gerais, onde morava. Ele era habilitado a comandar o bi-motor, sendo nosso funcionário. A explicação que me foi dada pelo M.F., para justificar a troca de aeronave, foi o fato de o Piper ser um pouco mais veloz do que o Cessna, dando-nos uma margem maior de segurança quanto à hora de chegada à Salvador ( realmente eu me atrasara um pouco...).
É que nenhum dos dois aparelhos era homologado IFR 
( Instrument Flight Rules - regras para voo por instrumento ), somente podendo voar com a luz do dia, isto é, executando o voo
visual. A seguir meu piloto me apresentou um outro individuo ( não me recordo do nome, afinal estava com a atenção voltada para os afazeres importantes que me aguardavam em Salvador ), dizendo que o mesmo era seu amigo e conhecido, piloto de bi-motor e que,
se eu permitisse, ele voaria ao seu lado, no banco direito, como co-piloto. Minha urgência em chegar à Salvador e a confiança na responsabilidade profissional do MF., levaram-me a embarcar, sem maiores questionamentos, ( afinal era um piloto de aeronave com todos os documentos  perfeitamente em ordem ). A viagem transcorria na maior tranquilidade. Aproveitei para verificar  os dados da medição e só pensava em chegar, mandar emitir a fatura e viajar para Recifebem cedinho no dia seguinte, para receber o valor correspondente. Era em Recife que os recebimentos eram feitos, na sede da CHESF que, para essa obra, mantinha um convênio com o INCRA.
Mais ou menos a uns 40 minutos fora, foi quando começaram os eventos...

Continua na próxima postagem......

Um ótimo final de semana aos meus amigos e visitantes.
Voltem sempre.

Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

9 - DESASTRE AÉREO. - II -





O aeroporto da cidade de Bom Jesus da Lapa, às margens do rio São Francisco, era muito utilizado pelo meu avião - um monomotor Cessna modelo 210-D ( pé duro ), prefixo PT-CDT.
É que a empresa da qual eu era dono, juntamente com meu inesquecível e grande amigo César Cabral, estava executando as obras de infraestrutura, visando a implantação das agrovilas para onde seriam transferidos os ribeirinhos atingidos pela inundação provocada pelo enchimento do lago da futura usina hidrelétrica de Sobradinho. Nossa empresa também tinha uma outra aeronave: um bimotor Piper Twin Comanche PA-90, prefixo PT-CZN
Longe de serem um luxo, os aviões eram uma necessidade vital para a empresa e muito utilizados, tanto para nosso deslocamento de Salvador para a Lapa e vice-versa, quanto e principalmente, para levar peças de tratores e outros suprimentos necessários à manutenção do ritmo dos trabalhos, regido por um contrato que estipulava prazos rigorosos a serem cumpridos, sob pena de pesadas multas. Nossas presenças eram muito importantes tanto no canteiro de obras, supervisionando e cobrando o cumprimento dos cronogramas dos serviços, como no acompanhamento das 

" medições ", base para a emissão e o recebimento das faturas. 
Meu piloto, M.F., tinha ordens para me aguardar, geralmente ao
final da tarde, com a aeronave preparada para decolar. Naquela tarde, chegando ao aeroporto e trazendo em minha pasta os dados da " medição " realizada, constatei que a aeronave na qual voltaríamos para Salvador, era o Piper e não o Cessna, do qual o M.F. era o piloto!...

Continua na próxima postagem.........

Um ótimo final de semana a todos e obrigado pelas visitas.
Abraço,

Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

8 - DESASTRE AEREO. - I -




Adoro voar! Meu primeiro voo se deu a bordo de um " Catalina " da Panair ( o famoso " Pata Choca" ), lá pelo final da década de 1950, numa das viagens que fiz, Belém/Oriximiná, para gozar as férias de fim de ano. Esta viagem, que geralmente era feita de navio ( ah! que saudade do " Barão de Cametá " e do  "Aquidaban"! ),  desta vez me foi proporcionada pela companhia do meu pai, que fora à Belém resolver alguns negócios. Ele decidiu que deveria me levar junto, na volta para casa, como premio pelo bom desempenho escolar.
Lembro-me perfeitamente das cadeiras de " palhinha " que equipavam o avião, pois me veio imediatamente à memória, as cadeiras de balanço lá de casa, feitas também com este mesmo
material, uma das quais esmagou, sob o peso da mamãe, a cobra coral, episodio relatado em postagem anterior.
Costumo dizer aos meus amigos, que " avião não cai: é derrubado!!! "
Nunca tive medo de voar. Ao contrário: sinto imenso prazer ao fazê-lo! Considero este meio de transporte, de longe, o mais seguro. As estatísticas  mostram que nos EE.UU., por exemplo, onde o profissionalismo é levado a sério, há por volta de 1 acidente para cada 3.000.000 de voos! No Brasil este índice sobe dramaticamente para mais ou menos 5 acidentes por cada 3.000.000 de voos. Ainda assim, é muito pouco. Não fossem as falhas humanas ( incluindo aí a manutenção negligenciada ou postergada, os controladores e pilotos irresponsáveis, etc. ), teríamos um índice quase nulo de acidentes. Nenhum avião é construído para desabar das alturas. Mesmo se houver a falha de todas as forças propulsoras, ainda assim - a depender do fator humano - o equipamento pode tranquilamente manter-se no ar, planando, a espera de ser conduzido a algum lugar mais ou menos propício para o pouso. Isto aconteceu comigo lá pela segunda metade da década de 1970!...

Continua na próxima postagem.......

Um ótimo final de semana a todos os meus amigos e visitantes.
Abraço,

Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

7 - TRES ENFERMIDADES GRAVES, AO MESMO TEMPO!!! - final -




Férias de julho do ano de 1956. Antes de irmos para Mosqueiro, passaríamos o primeiro fim de semana do mês, num sítio que o meu tio Humberto, segundo marido da tia Odaléa, havia comprado, nas proximidades da cidade interiorana de Santa Izabel. Lá, após o tradicional futebol de sábado à tarde, jogado e muito disputado por mim e meus primos ( Carlos EduardoCarlos Alberto e Carlos Antonio ), alem de alguns nativos das redondezas,  resolvemos
" desbravar " um igarapé que corria mansamente, dentro de um trecho de mata nativa, bem ali, ao lado do campo. Que banho!... Água gelada, uma delícia! A vontade era de ficar naquela maravilha de água, para sempre...  Ao retornarmos à Belém, no domingo à tarde, nada indicava alguma enfermidade. Alguns das depois porém, comecei a sentir uns estranhos calafrios. Ao chegarmos em casa, meu estado evoluíra para pior, pois, acompanhada do calafrio cada vez mais intenso, estava sendo vítima de uma febre altíssima, por volta dos 40/41 graus! O médico da família foi chamado e o diagnóstico apontava para uma malária. Feitos os devidos exames, constatou-se que eu fora acometido, não por uma malária qualquer, mas pela terrível " terçã maligna ", uma forma muito grave e não poucas vezes letal, da doença! Tudo indica que fui contaminado por um mosquito, lá naquele banho maravilhoso de igarapé. Para completar a minha desventura, havíamos comido algum alimento, lá no sítio - a Selma, minha prima e eu - que nos deixou com infecção intestinal. Logo em seguida, fui contaminado pelo agente infeccioso responsável pela catapora, de tal sorte que acumulei e superei, as três doenças ao mesmo tempo, fazendo-me acreditar de vez, naquele adágio popular segundo o qual " vaso ruim não quebra "! Após me recuperar completamente - e a prima Selminha - uns dez dias  depois, fomos, finalmente, gozar as delícias da " Bucólica "...



A todos os meus amigos e visitantes desejo um feliz fim de semana.
Abraço,



Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe