sexta-feira, 1 de setembro de 2023

- INDÍCIOS DE INCAS NA AMAZÔNIA PARAENSE - introdução -


                           Publicada originalmente em 15.12.2017, neste mesmo espaço.

Numa das últimas viagens que fiz a Amazônia, no mês de março passado, conheci um companheiro de viagem a bordo no navio que me levou de volta à Belém. Ao final do primeiro dia já havia uma certa empatia no nosso relacionamento, fruto das longas conversas sobre assuntos diversos, por nós mantidas durante a viagem, até então. Possuidor de razoável conhecimento geral, tinha uma fácil conversa sobre os mais variados assuntos, até que, em determinado momento, revelou-me que comprara de um certo caboclo da região, algumas " caretas de índio ", termo usado pelos ribeirinhos para designar fragmentos de artesanato, principalmente cerâmicos, muito comuns na região, elaborado por silvícolas outrora  radicados no denominado Baixo Amazonas. Claro que mostrei-me vivamente interessado. Em resposta à pergunta que lhe fiz - se poderia ver tais fragmentos - ele prontamente buscou em uma sacola que se encontrava debaixo da rede onde dormia, um pacote cuidadosamente protegido por pedaços de isopor. Fiquei realmente deslumbrado  ao ver tais objetos. Tratava-se de partes de vasos e outros objetos artesanais que me trouxeram ao pensamento, instantaneamente, a arte INCA há muito vista e estudada nos livros de história. Mas ,como seria possível?! Os INCAS estavam 
radicados lá na Cordilheira dos Andes, a cerca de 3000 km do local onde o meu amigo comprara as peças. Seu vasto império se espalhava desde o sul da Colômbia até  a parte central do Chile, porém, sempre às proximidades da cordilheira. Para não despertar a curiosidade do companheiro de viagem, detentor das relíquias, mantive-me mais ou menos calmo, sem demonstrar nenhuma ansiedade, até que consegui a permissão para fotografar algumas daquelas peças... No dia seguinte, logo após o café da manhã, procurei novamente me aproximar do dono das peças. Meu objetivo era saber a exata localização do sítio arqueológico. Nada consegui, pois me foi dada a explicação que tudo aquilo era sigiloso e o tal caboclo que vendera o achado, se negara terminantemente a revelar o lugar de origem: alguém o havia advertido que, se uma entidade ligada ao assunto - tipo o Museu Emílio Goeldi, de Belém - soubesse da exata localização do sítio e esse lugar fosse próximo a sua casa, ele seria deslocado imediatamente 
para outro local. Disse apenas que não foi preciso nenhuma escavação porque o rio, ao provocar o fenômeno denominado " terras caídas ", acabara por revelar aquelas peças e ele só teve o trabalho de coletá-las. É possível que o rio já tivesse levado boa parte dos objetos pois ele, apenas por acaso, passando de canoa pelo local, vira alguns objetos na margem, a uma profundidade que variava de cerca de 80 cm a 8 m. abaixo da superfície do solo. Durante o resto da viagem, 
comecei a elaborar mentalmente uma teoria que poderia explicar a possível presença de membros do Império Inca em local tão distante dos Andes. Tal teoria será assunto das próximas postagens...


Continua na próxima sexta-feira....

Bom final de semana a todos os amigos e visitantes.
Abraço,

Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

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