sexta-feira, 16 de junho de 2023

A história da professora AFONSINA -VI -



                                                                     Foto Internet


Os primeiros sinais sentidos, indicando que o bebê precisava vir à luz, foram verificados ao amanhecer do dia 01.08.1935. Um misto de euforia e preocupação invadiu a casa. Já haviam vivenciado, num passado recente, um trauma terrível, daí a preocupação. A euforia, porém, venceu e,  rezando baixinho, estavam esperando as notícias vindas do quarto por intermédio da parteira, d. Lucila - por muitos chamada carinhosamente de " mãe Lucila " - cuja experiência
já fora comprovada ao longo de vinte e muitos anos trazendo à luz os nascidos na cidade e até em alguns lugares do interior. E, finalmente, a notícia: nascera, sem nenhuma intercorrência, um robusto e belo menino! Ambos, parturiente e recém nascido, estavam muito bem, obrigado!
E o tempo passou assistindo a felicidade novamente reinar naquela família. FRANCISCO seguia trabalhando muito, como sempre, e agora com outros encargos correspondentes à administração da fazenda do sogro, localizada à margem direita do rio Cachoeiri, onde havia um rebanho de bovinos, e que servia mais de recreação para a família do que como geradora de recursos, já consideráveis, advindos dos castanhais. O preço da castanha do Pará, por sinal, subia ano a ano, proporcionalmente ao aumento do interesse dos compradores, agora já exportada para os EE.UU, que descobriram no seu consumo inúmeros benefícios à saúde e  ao paladar, passando a figurar como um dos principais componentes na elaboração de biscoitos, bombons e doces em geral.
Os cuidados dedicados ao pequeno JOSÉ - sim! este foi o nome escolhido à unanimidade,  para homenagear o avô - eram tantos e de tal monta que, por alguma razão misteriosa,  que  a natureza esconde e espera até hoje pela decifração por parte de nós humanos, apesar de todo  o amor existente entre o casal, uma nova gravidez só se verificaria  quatro anos depois, no ano de 1939.
Esta terceira gravidez, tal qual as outras anteriores, transcorreu sem  nenhum problema, a não ser aqueles já referidos e comuns a todas as grávidas. E chegou o dia esperado ansiosamente por todos. Os sinais de que o bebê começara a tentar abrir caminho em direção ao mundo exterior, tiveram início por volta das dez horas da noite do dia trinta e um de julho de 1939 mas, ao amanhecer do dia seguinte, apesar
do gigantesco esforço de todos e principalmente da parturiente, todas as tentativas foram frustradas. A mãe e a criança ( era uma menina ), acabaram por sucumbir, inclusive pela ausência de um médico na cidade. A revolta se fez sentir, imediatamente e os familiares,
enquanto providenciavam o múltiplo funeral, instaram veementemente às autoridades, exigindo gestões urgentes com o objetivo de prover a cidade com a presença de um profissional graduado de saúde. Tal a força e o peso da família junto às autoridades, que logo no início do ano de 1940, foi designado um médico para a cidade. E este médico, que se chamava Dr. DURVAL BRUZZA, chegou à Oriximiná, trazendo consigo sua esposa,  minha tia mais velha, por parte de mãe, MARIA RITA RODRIGUES DE ARAGÃO que, com o casamento, passou a chamar-se MARIA RITA DE ARAGÃO BRUZZA - chamada  carinhosamente pela sua família de  MEIRY ou MANA, naturalmente por ser a mais velha dos filhos do  casal LEONEL XIMENES DE ARAGÃO e CARMEN RODRIGUES DE ARAGÃO,  meus avós maternos.
E aí começa, verdadeiramente, a história da minha saudosa mãe 
-  AFONSINA ELINDA ARAGÃO DE SOUZA  - em sua passagem pela cidade de Oriximiná, chamada carinhosamente pelos seus filhos,
de " A Princesa do Trombetas "...

                                                     
Continua na próxima sexta-feira...
Bom final de semana a todos.


Clovis de Garajuba
ONG Ande&Limpe

2 comentários:

Anônimo disse...

História muito interessante! Ansiosa pela sequência... ❤️

Anônimo disse...

Memórias incríveis resgatadas por um cérebro invejável: Meu primo/irmão Clóvis Aragão!