sexta-feira, 4 de junho de 2021

- EM BUSCA DE AVENTURA - final -


                                              Meu " trofeu " exibido com vergonhoso orgulho...
                                                     - nesse tempo a caça não era proibida -

Ah! Porto Velho... Quantas recordações! Logo começamos a fazer amigos e amigas. A vida social era uma festa só. Cidade cosmopolita, atraindo à época muitos e variados profissionais,  principalmente ligados à área do agronegócio, apresentava muitas oportunidades aos empreendedores que quisessem trabalhar. Para tal, contavam-se com incentivos governamentais em formas de empréstimos baratos e a longo prazo, além da possibilidade de captação de recursos por
intermédio da SUDAM, abatíveis do imposto de renda das Pessoas Jurídicas interessadas em investir na região. O desmatamento era visto como benefício imprescindível e urgente para o desenvolvimento. Substituir a floresta nativa e intocada por pasto ou produtos agrícolas, principalmente o cacau, representava um sinal de patriotismo e abnegação. Quanto mais célere a derrubada acontecia, mais admirado e elogiado era o empresário e empreendedor. A meta do Governo girava em torno do lema " integrar para não entregar ".  Ariquemes passou a se destacar na produção de cacau, assim como já era referência nacional o município de Cacoal, na produção de café.
Mas, nem só de trabalho duro era feita a vida. Nem só a malária - endêmica na região -, se pegava por lá... Aos domingos nos reuníamos em nossa casa ou nas casas ou chácaras dos amigos, para um churrasco ou simplesmente para conversar e trocar experiências. Numa dessas reuniões, na chácara de um amigo que era o gerente regional da Varig, ocorreu um episódio marcante que vale a pena ser narrado. Estávamos numa animada roda de papo descontraído, quando chegou, meio espavorido, um dos empregados da chácara. Anunciava, espantado, a descoberta, às margens do igarapé que serpenteava pelo terreno, de uma " descomunal " - foi este o termo que ele usou - cobra, possivelmente " sucuriju "  ( sucuri ), enrolada e digerindo um animal que não deu pra identificar. Fomos até o local e constatamos, na margem oposta, um " rolo " enorme de cobra. Como naquele tempo não era proibida a caça, peguei o carro e fui até nossa casa buscar uma espingarda de caça submarina que mantinha lá, esperando por uma pescaria que me prometera um outro amigo, nas águas transparentes de um certo rio da região ( creio que Rio Machadinho ), onde havia muitos e  " enormes tucunarés ". A propósito, esta pescaria jamais aconteceu. Enquanto me deslocava para pegar a arma, o dono da chácara mandou avisar à equipe do Amaral Neto, que se encontrava na cidade produzindo um daqueles programas muito vistos então, chamados  " Amaral Neto - o repórter ". Quando retornei, todos já se encontravam a minha espera, ansiosos por me verem caçar " o bicho ". Embarquei  numa canoa, levando o caseiro como remador e rumamos em direção à outra margem, seguidos por outra canoa que conduzia a equipe do Amaral Neto, que iria documentar a caçada. Mandei o rapaz se aproximar o mais possível e, a cerca de um metro de distância, curvei-me na borda da canoa, mergulhei a espingarda apontada na direção do imenso " rolo " e acionei o gatilho, varando com o arpão os anéis do estático e indefeso animal, que foi traspassado pelo terrível aço. Ah! quanto tal lembrança me faz sofrer hoje em dia! Como eu era imbecil naquele tempo! Hoje, não sou capaz de matar animal algum, por mais nocivo que possa parecer... A beleza daquela sucuri pode ser apreciada na ilustração que enriquece esta postagem...
Missão cumprida, resolvi realizar um sonho de há muito: descer de navio de Porto Velho até Manaus e conhecer as cidades ao longo do percurso. Esta viagem se deu sem nenhum incidente, pra minha completa frustração...kkkkk  


Um ótimo final de semana a todos.
Abraço e até sexta.


Clóvis de Guarajuba
ONG Ande & Limpe

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