sexta-feira, 21 de julho de 2023

- A história da Professora AFONSINA XI


Ponte semelhante à descrita no artigo, construída por mim às margens da lagoa, em minha chácara, lá em Guarajuba - Ba.

E a vida seguia normalmente, quando, no final do ano de 1941, veio a transferência do Dr. Bruzza para outra cidade, desta vez, Catanduva, no interior de São Paulo.
 Logo que chegou à cidade, o Dr. Bruzza, entendendo que sua mulher,  vinda da Capital, precisaria de alguma atividade para quebrar a monotonia própria da vida em uma cidade do interior da Amazônia, tratou de abrir, em seu nome, uma farmácia, não apenas útil para sua mulher mas, principalmente, para a população local, carente de recursos terapêuticos.
E, antes de viajar para o novo destino, acertou a venda do estabelecimento para o amigo - e agora concunhado - FRANCISCO, chamado por todos de CHICO MARTINS. Mais uma atividade exigindo a presença do já sobrecarregado FRANCISCO. AFONSINA, então, passou a dividir os afazeres domésticos com o atendimento na farmácia, uma vez que o casal resolvera deixar provisoriamente, a casa da praça da Matriz, para morar nas dependências amplas do prédio onde funcionava a farmácia recém adquirida.
Logo no início do ano de 1942, a morte levara seu amigo, protetor e patrão, JOSÉ CLEMENTINO DE FIGUEIREDO. Como seu antigo sogro havia comprado a pequena fazenda do Cachoeiri em nome de sua filha caçula, LAURINDA, quando ela morreu a propriedade passou a pertencer aos meeiros, seu filho JOSÉ e seu esposo FRANCISCO.
Pretendendo ampliar os negócios da fazenda, FRANCISCO adquiriu algumas cabeças de gado, ampliando o plantel já existente, além de dois cavalos que o vaqueiro, seu Alfredo, que já trabalhava na fazenda, usaria para a labuta com o gado.
O casal, FRANCISCO e AFONSINA, passou a frequentar com mais assiduidade a propriedade, embora as viagens de canoa a remo demandassem grande esforço do Alfredo, que vinha do Cachoeiri até a cidade buscar o casal com seu filhinho, além de víveres e insumos. Já grávida pela segunda vez, numa dessas estadas lá na fazenda, aconteceu uma quase tragédia envolvendo o menino, ou seja, EU: É preciso esclarecer que, naquele tempo, nem na cidade havia água encanada, muito menos nas sedes das fazendas ou nas casas dos ribeirinhos. As atividades relacionadas com água, eram desenvolvidas nas margens dos rios. Para tal mister, construíam-se pequenas pontes de madeira projetadas sobre o rio, geralmente na frente das casas ou sede das fazendas. Ali, tomava-se banho de cuia e lavavam-se roupas, louças, panelas e outros utensílios. Em determinada tarde de temperatura elevada, o casal desceu para o banho levando o menino, isto é, - EU - que, a esta altura, deveria ter uns oito/nove meses de idade. Por infeliz coincidência, o casal formado pelo vaqueiro Alfredo e D. Dira, sua mulher - agora transformada em minha babá, durante a estada na fazenda - tivera a necessidade de visitar um parente ou amigo, chamado Manoel Gualberto que estava doente e morava rio acima. Os dois embarcaram na " montaria " * e lá se foram para o compromisso.  Ao chegar à beira do rio, o casal - meus pais - colocou a criança sobre a ponte e entrou na água para tomar banho. Devem ter se distraído por um momento e quando AFONSINA olhou para onde haviam deixado o menino, ele já não mais lá se encontrava!...


* montaria - designação genérica de pequenas canoas movidas a remo que os habitantes do Baixo Amazonas usam nos seus breves deslocamentos, talvez por comparar a pequena embarcação com os animais de monta, também usados em pequenos deslocamentos, só que em terra.


Continua na próxima sexta-feira...

Bom fim de semana a todos.


Clóvis de Guarajuba
Ong Ande&Limpe
       
                                                             

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu fico imaginando o susto que a professora Afonsina e seu Pai hoje minha sogra e sogro levaram com uma situação tão desesperadora até porque a cor das águas do Rio Cachoery são turvas como a do Rio Amazonas .Que desespero!

Cleisy disse...

Muito interessante