sexta-feira, 14 de julho de 2023

A história da professora AFONSINA - X -






                                                                 - Imagem Internet -


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Bem diferente do casamento de LAURINDA e FRANCISCO, a cerimônia do enlace de AFONSINA e FRANCISCO transcorreu sem muita pompa, não somente pelo fato de a maior parte da família da noiva ser originária da capital, Belém e não se encontrar na cidade, como pela razão totalmente compreensível, evidenciada pelo pouco 
- para a época - tempo decorrido desde a morte  da  D. LAURINDA.
 Vale a explicação que, naquele tempo, o luto era demonstrado acintosa e pesarosamente, com o uso de roupas pretas durante os primeiros 6 meses após a morte do cônjuge ou parente mais próximo, pelos homens e durante um ano pelas mulheres. Aos homens, a partir do sexto mês , era " permitido " o uso de uma tarja confeccionada com tecido preto, chamado popularmente de " fumo ", ostentada geralmente no bolso da camisa, à altura do peito esquerdo.
Ainda assim, foi uma festa bonita para os padrões da época.
E logo veio a primeira gravidez! Menina embora, AFONSINA não demonstrou sentir nenhuma anormalidade das que costumam acometer às grávidas, principalmente no início do processo. Enquanto a gravidez transcorria dentro dos padrões, a jovem - agora, repentinamente, transformada em " dona de casa " - passou a dedicar-se totalmente aos encargos inerentes à nova realidade. Mas ela não se limitou a cumprir suas tarefas caseiras, no início de maneira mais ou menos eficiente devido à pouca idade. Como tinha um talento inato para a pintura e muita perícia em trabalhos manuais, aproximou-se naturalmente das pessoas da comunidade que tinham dons afins. Assim é que se tornou amiga e aluna de D. Dalila, doceira de
 " mancheia " que além de vizinha, era a irmã mais velha da falecida LAURINDA, primeira mulher do FRANCISCO, agora seu esposo.
 Dona DALILA era tão boa na arte de fazer e decorar doces e principalmente bolos confeitados, que alguém criou uma paródia, baseada numa marchinha de carnaval de sucesso na época, que dizia:
 "Ah! quem me dera Dalila, Dalila que eu fosse o Sansão! os teus encantos Dalila, de Sansão foi sua perdição...".
 e a paródia criada ficou assim:
 " Ah! quem me dera DALILA, se eu fosse o MARCOS TEIXEIRA, eu te pegava DALILA e te mandava pra " Palmeira..." .
  MARCOS TEIXEIRA - Juiz de Paz da cidade - era esposo da D. DALILA  e " Palmeira "  era uma famosa e prestigiada fábrica de doces e biscoitos localizada em Belém.
 Esta aproximação se deu, também, com D.LAURA DINIZ - chamada carinhosamente de D. LAURINHA - que promovia principalmente espetáculos teatrais, produzindo e encenando, como diretora, peças infantis tais como Branca de Neve e os Sete Anões e outras.
E a gravidez, sem nenhuma intercorrência, chegou ao seu clímax às 6 h da manhã do dia 18 de outubro do ano de 1941. Nascia, neste dia, o primogênito, com o auxilio das mãos experientes e competentes de Dona Lucila, desta vez sob a supervisão profissional do cunhado da parturiente, Dr. BRUZZA. E o recém- nascido, menino saudável e robusto, inundou de alegria aquele lar improvável, devido à brutal diferença de idade entre o casal. Nome escolhido, logo se providenciou o Batizado do bebê. Chamar-se-ia CLÓVIS e teve como padrinhos de Batismo o casal JOSÉ DINIZ e sua esposa, D. LAURINHA DINIZ.
 O sacramento foi ministrado pelo Frei PROTÁZIO, pároco local, em frente ao altar mor da igreja de Santo Antônio, uma joia em madeira de lei, arte inigualável, hoje inexistente, vítima da sanha destruidora e ignorante de um padre alemão, chamado  Fortunato Lamprecht, de triste memória.
 Até hoje não entendo porque a comunidade oriximinaense permitiu que um energúmeno, interpretando de maneira errônea a Encíclica Papal, saído não sei de que buraco, transformasse a madeira do altar sagrado - dizem alguns cidadãos locais - até em lenha para fogueira!...

                                                         
Continua na próxima sexta-feira...
Bom fim de semana a todos.


Clóvis de Guarajuba
ONG Ande&Limpe

2 comentários:

Anônimo disse...

Minha querida Tia Dalila deve ter sidoi muito importante nesta trajetória de vida do casal pois um ser humano ímpar.E assim foram os seus primeiros dias e anos de vida do meu querido marido!❤️

Anônimo disse...

Herdei da minha avó o gosto e a habilidade de fazer doces ,lembro da amizade das duas amigas .Ajudava na fabricação dos doces de goiaba .Dalila minha avó e Afonsina minha tia como chamávamos.