sexta-feira, 17 de novembro de 2023

DETESTEI ME TORNAR UM ADULTO!!! - reedição -

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                                                              Imagem da Internet


Venho, por meio desta, renunciar INCONDICIONALMENTE à
minha condição de adulto! Resolvi que quero voltar a ter as mesmas
ideias e responsabilidades de uma criança de oito, nove anos. Quero
voltar a acreditar que o mundo é justo e que todas as pessoas são
honestas e boas; quero acreditar que tudo é possível; quero voltar a
não perceber as complexidades da vida e quero ficar maravilhado
com as pequenas coisas naturais que me encantavam; quero de volta
aquela vida simples e sem complicações. Cansei de computadores
que falham ou são lentos, das pilhas de papeis, das noticias
deprimentes, das CPIs, dos políticos ladrões, dos tiroteios e assassinatos " por engano ", atentados, terrorismo, novos impostos, intrigas, empregados desonestos, patrões sacanas, contas a pagar, fofocas, doenças, mortes de contemporâneos e de parentes e de ter que atribuir valor monetário a tudo que me cerca. Não quero mais me preocupar em arranjar um jeito de fazer o salário durar até o próximo pagamento e nem de ficar torcendo para que aquele cara ou aquela bonitinha que me devem, paguem no dia COMBINADO. Não quero mais ser obrigado a dizer adeus à pessoas queridas e, com elas, a uma parte da minha vida. Quero ir ao carrinho de cachorro-quente ou à pizzaria e comer, achando que esses locais são bem melhores do que aquele restaurante de luxo. Quero viajar ao redor do mundo mas,
desta vez, embarcado no meu naviozinho de papel que estou
navegando naquela poça ou na correnteza da vala, provocada pela chuva.
Quero poder jogar pedrinhas na lagoa tranquila ou no rio da minha terra, o incomparavelmente belo Trombetas, e ter tempo para
observar as ondinhas que provocam. Quero achar que as moedas de
chocolate são mais valiosas que as de um real, porque posso
comê-las e ficar com a cara toda lambuzada. Quero ficar feliz
quando amadurece o primeiro caju ou a primeira manga, quando a
jabuticabeira fica com o tronco pretinho de frutas. Quero voltar
a achar que as pizzas, chicletes e sorvetes são as melhores coisas da vida.
Quero que as maiores competições em que tenha de entrar, sejam uma
boa pelada ou uma disputa de pião, peteca ou bola de gude. Quero
voltar ao tempo em que tudo que eu sabia era o nome das cores, a
tabuada, as cantigas de roda, a " Batatinha quando nasce...", a 
" Ciranda, cirandinha...", o " Atirei o pau no gato...", o "Pai nosso..." e isso não me incomodava nada porque eu não tinha nem ideia de quantas coisas inúteis ainda ia aprender. Voltar ao tempo em que se é feliz, simplesmente porque se vive na bendita ignorância da existência de coisas que podem nos preocupar, aborrecer ou magoar. Eu quero voltar a acreditar no poder de um sorriso, de um abraço, de um agrado, de palavras gentis, da verdade, da justiça, da paz, dos sonhos, da imaginação, dos castelos no ar ou na areia. E mais: quero estar convencido de que tudo isso vale muito mais do que o dinheiro! Por isso tudo é que eu digo: peguem aqui as chaves do carro, a lista do supermercado, as receitas médicas, os talões de cheque, os cartões de crédito, o contracheque, os crachás de identificação, o pacotão de boletos e contas a pagar, a declaração do imposto de renda, as senhas do meu computador, celulares e dos bancos e resolvam as coisas do jeito que bem entenderem! A partir de hoje, isso tudo é com vocês, porque:
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ESTOU ME DEMITINDO DA VIDA DE ADULTO!!!.  

Agora, se você quiser discutir a questão, vai ter de me achar, porque
vou brincar de esconde-esconde... e é a minha vez de me esconder!...
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Um ótimo final e semana , abraço a todos os amigos e visitantes.
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Clóvis e Guarajuba
ONG Ande & Limpe

3 comentários:

AmeliaMota disse...

Oi Clóvis, amei o texto "Renúncia...". Como seria bom se pudéssemos renunciar de verdade... Aliás gostei muito de ter visitado seu blogger; vissitá-lo-ei sempre que puder. Abraços dos amigos Idamor e Amélia

Anônimo disse...

Parabens, Clóvis. Somente alguem com muita sensibilidade poderia abordar esse tema com tamanha clareza.
Ester

Clayton Aragão disse...

Como seria maravilhoso evitar tais "flagelos"! Um texto interessante, parabéns meu Tio.