sexta-feira, 11 de agosto de 2023

- A história da Professora AFONSINA - XIV -


                            Neste prédio funcionava o Grupo Escolar Padre José Nicolino.
                                                        - Foto de Edilberto Guerreiro -


Lá por volta do ano de 1950, apesar de já cheia de afazeres, AFONSINA começou a ensinar ( já de volta à casa da praça da Matriz ), às crianças e jovens da redondeza que a procuravam se queixando de dificuldades no aprendizado regular ministrado no Grupo Escolar Padre José Nicolino, então, o único estabelecimento de ensino da cidade. Como também não cobrava da maioria dos alunos que eram carentes, era natural que, ao tomarem conhecimento do fato, as mães de outros alunos passassem a apresentar seus filhos, igualmente com dificuldades de aprendizado, solicitando à Professora AFONSINA permissão para frequentarem às aulas por ela ministradas na sua própria residência. Cobrava, porém, dos pais de crianças que tinham capacidade financeira, do que é exemplo o meu querido amigo de infância, hoje ainda vivo e saudável´, JOÃO FERRARI.
 Daí até ser convidada para lecionar no " Grupo ", foi um pulo; logo começava a carreira " oficial " da professora que, tão generosamente, transferia conhecimentos para tantas crianças e jovens - o DEZIZÉ, eu e o CLÉBER, inclusive - de maneira espontânea e eficiente.
Assim se iniciou  a nobre tarefa da AFONSINA Professora, que consistia em repassar seus conhecimentos didáticos e, principalmente de vida em sociedade e em família, para a juventude, futuro desta mesma sociedade.
Transcorreu aproximadamente um ano, até se descobrir que a população da cidade em idade escolar aumentara de maneira surpreendente. O que fazer para absorver tal população, se o espaço físico não acompanhou este crescimento, já que não se construíram outros estabelecimentos de ensino? Uma reunião do corpo docente decidiu que, emergencialmente, criar-se-ia um terceiro turno de aulas que, por não haver energia elétrica contínua e eficiente, não poderia acontecer à noite. Logo surgiu a ideia de implementar-se este novo turno no horário de 10,00 às 14,00 h. Decisão tomada, passou-se a procurar a professora que tomaria conta desta nova turma, constituída pelos alunos que superlotavam as salas de aula das séries mais concorridas. Uma reunião foi convocada para discutir e determinar qual das Mestras ficaria encarregada de conduzir a nova turma. Foram inquiridas todas as professoras presentes e nenhuma se apresentou voluntariamente para tal mister. Sob as mais variadas alegações, que iam desde à necessidade de afazeres domésticos até a outros compromissos assumidos para aquele horário, uma a uma das presentes declinou de assumir aquela tarefa. Foi quando a Professora AFONSINA, entendendo que nada seria resolvido sem a confirmação de uma delas para executar tal serviço, se apresentou como voluntária e foi imediata e entusiasticamente " aclamada "  pelas presentes.
 Diga-se de passagem, que tarefas domésticas não faltavam para quem, àquela altura, já tinha filhos e o marido para cuidar, além de continuar a prestar serviços à comunidade na área farmacêutica!
 Logo, logo, a tal turma intermediária, passou a ser estigmatizada pelos outros alunos componentes das turmas consideradas normais,  cujo funcionamento se verificava nos horários matutino e vespertino. O estigma se materializou no  nome conferido pelos colegas à turma intermediária: " Turma da Fome ". Tal cognome - conferido à turma por ter suas atividades exercidas no período em que os outros estudantes iam almoçar - originou uma atitude inusitada da Professora AFONSINA que, por seu significado, estará em destaque na próxima  postagem...

                                                                   

Até a próxima sexta-feira.

Bom fim de semana a todos.


Clóvis de Guarajuba
ONG Ande&Limpe

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