sexta-feira, 26 de julho de 2024

- A TERRA NÃO É O CENTRO DO UNIVERSO, AFINAL! - IV -



                                                               imagem Internet




Quando ensinava matemática na Universidade de Pádua, Galileu Galilei construiu seu próprio telescópio do qual se serviu para descobrir as manchas solares, as crateras da Lua, os satélites de Júpiter e as estrelas da Via Láctea. Descobriu, também, que Aristarco, Copérnico e Kepler, estavam com toda a razão, ao sugerirem que o heliocentrismo era a verdade incontestável. Mas, no ano de 1616, a Igreja Romana obrigou-o a parar de defender o chamado Sistema de Copérnico. Ao ser obrigado a retratar-se publicamente, começou a elaborar um livro intitulado Diálogo dos Dois Principais Sistemas do Mundo, em que discutia abertamente a perspectiva defendida pelos dois pontos de vista diametralmente opostos. Temendo represálias, antes de publicar o livro, procurou obter a autorização de Roma. De nada adiantou tal providência porque, embora autorizado, quando publicou a obra, foi acusado de heresia. Julgado, foi condenado a fazer uma outra retratação pública na qual, ajoelhado, bradou, em alto e bom som, que " abjurava, amaldiçoava e odiava " a teoria que afirmava a Terra se mover em torno do Sol...claro que a decapitação era a alternativa! Ainda assim, e por precaução, Galileu foi obrigado ao isolamento em sua vivenda de Arcetri, sendo-lhe proibidos quaisquer relacionamentos que não os de seus serventes. Pra completar a sua tragédia pessoal, ficou totalmente cego durante os últimos anos de vida. Ao morrer, em 1642, até um monumento que queriam construir sobre seu túmulo, foi expressamente proibido pelo próprio Papa!
No entanto, no espaço de apenas 50 anos, a teoria do Geocentrismo ruiu completa e definitivamente!
Foi Carlos II que, interessado na elaboração de um novo catálogo de estrelas, para ser usado pelos seus navegantes, fundou o observatório real de Greenwich, projetado e construído por Sir Christopher Wren. Lamentavelmente, o soberano escolheu como astrônomo oficial, o Reverendo John Flamsteed que, embora competente, por ser perfeccionista, era exageradamente lento. A par desta lentidão, escolheu como  assistente um cara de total incompetência. Por tudo isto, ao termo de 29 anos de trabalho, os dois não concluíram a elaboração dos catálogos! Ao morrer, em 1719, todo o seu trabalho já havia sido ultrapassado por técnicas mais avançadas de navegação.
Em 1781, um jovem astrônomo amador - William Herschel - de nacionalidade alemã, fez uma notável descoberta: usando seu telescópio, localizou um pequeno disco vermelho, comunicando este fato à Real Sociedade num relatório intitulado " Comunicação sobre um cometa. ".
Após estudos realizados por especialistas, foi concluído que na realidade, a descoberta de Herschel era algo bem mais invulgar do que um cometa. Na verdade ele tinha descoberto um astro gigantesco que foi denominado Urano e que leva 84 anos para descrever uma órbita em torno do Sol...

continua...



Obrigado pela visita e até a próxima sexta.

ClovisdeGuarajuba

ONG Ande&Limpe


sexta-feira, 19 de julho de 2024

- A TERRA NÃO É O CENTRO DO UNIVERSO, AFINAL ! - III -



                                              O nobre dinamarquês TYCHO BRAHE

                                                              imagem Internet



A história humana é cheia de imprevistos. Assim, antes de falar sobre o Galileu, vamos abordar a participação nos acontecimentos daquela época , de um astrônomo amador, nobre dinamarquês nascido em 1546, chamado Tycho Brahe. Este cara jamais aceitou as teorias de Copérnico e dedicou sua vida a tentar provar que o certo eram as teorias ptolomaicas. Como seus trabalhos vinham ao encontro das ideias defendidas pela Santa Sé, já aos 30 anos de idade recebeu como doação do Rei da Dinamarca, uma ilha no Mar Báltico - a ilha de Hven - além de todo o capital necessário ao desenvolvimento dos seus estudos e pesquisas. De posse de todos estes recursos e também da autorização para cobrança de impostos dos ilhéus, ele construiu uma casa e um observatório equipado com todos os recursos então disponíveis. Desta sua base solitária, Tycho, ao longo de 20 anos, realizou estudos do céu que o levaram a elaborar um completo catálogo de estrelas, com tabelas que indicavam a localização de pontos fixos, com extrema precisão, embora se verificando as posições mutáveis dos planetas em relação às estrelas.
Hven transformou-se então em um centro científico de respeito, sendo visitado frequentemente por cientistas, intelectuais e até pelo Jaime VI, da Escócia, que mais tarde viria a ser Rei da Inglaterra sob o título de Jaime I.
Sua sorte mudou, porém, porque a cobrança de impostos tornou-se insuportável para os habitantes da ilha que, não pagando os tributos, eram constantemente presos, o que provocou uma revolta generalizada, obrigando-o a abandonar a ilha e refugiar-se na cidade de Praga.
Para benefício da ciência, ao instalar-se na cidade de Praga, contratou como seu assitente um jovem gênio astronômico chamado Johannes Kepler que, anos depois faria a seguinte afirmação: " Tycho e eu fomos unidos por um destino inexorável. ".
Kepler, estudando os diversos volumes de tabelas que Tycho havia compilado, acabou por descobrir que Marte não descrevia uma trajetória circular, como era o entendimento da comunidade científica de então. Foi providencial que Kepler ainda trabalhasse com Tycho por ocasião de sua morte. Fazendo e refazendo cálculos baseados nas tabelas de Tycho, depois de cinco anos, acabou por comprovar o que já tinha convicção de há muito: a Terra e todos o planetas então conhecidos descreviam trajetórias elípticas e, não obstantes as inabaláveis convicções de Tycho, todos deslocavam-se em torno do sol.
Kepler - que Einstein descreveu como " um homem incomparável " - enunciou, a partir dos estudos realizados à exaustão, suas " Leis do Movimento Interplanetário ", nas quais até a atualidade se baseiam os cálculos astronômicos. Ao morrer, em 1630 e depois de ser insultado como herege e hostilizado nas ruas, a ciência de cujo progresso ele foi um dos responsáveis, tornou-se aceita, apesar da forte ação repressiva por parte da Santa Sé.
Entre os maiores admiradores de Kepler estava o Galileu que, munido de um instrumento chamado telescópio, viria a confirmar as teorias do astrônomo, tendo sido o último dos perseguidos por afirmar que a Terra girava em torno do sol...

continua...


Obrigado pela visita e até a próxima sexta.

ClovisdeGuarajuba

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sexta-feira, 12 de julho de 2024

A TERRA NÃO É O CENTRO DO UNIVERSO, AFINAL ! - II -


                                                               Nicolau Copérnico

                                                                      imagem Internet



Foi um religioso nascido na Polônia em 1473 e fascinado pela astronomia que, ao atingir os 60 anos de idade e depois de uma existência dedicada ao estudo dos céus, não tinha nenhuma dúvida sobre a inconsistência das constatações de Ptolemeu.  Chamava-se Nicolau Copérnico e divulgou uma teoria inédita segundo a qual a Terra era um simples planeta que, junto com tantos outros, se deslocava em torno do Sol. Embora contrariando a crença de então, de que a Terra era o centro do Universo, Copérnico não atentou para o fato de que os planetas não descreviam círculos e sim elipses, em seus cursos.
 Mais problemas sérios, ele também enfrentou com a Santa Sé, pois suas descobertas contrariavam frontalmente o estatus fulcral da Terra. E ele era Cônego da Igreja Católica! Sentiu, também, a fúria de um outro religioso - que logo se tornaria famoso - chamado Martinho Lutero, que o tratava como um louco que queria destruir a ciência da astronomia.
 Sem possuir, tal qual Aristarco, um telescópio ou qualquer outro meio mecânico que permitisse provar aos céticos de então, sua teoria, mostrou-se relutante em publicar sua obra sobre o assunto, intitulada 
" Sobre as Revoluções dos Corpos Celestes ". Persuadido por seguidores de suas teorias e por alguns amigos, acabou por mandar imprimir o livro no ano de 1542, verificando então que seus temores eram plenamente justificados: seu próprio Editor escreveu um Prefácio de 400 páginas, tentando passar aos futuros leitores, que as narrativas ali enfatizadas, nada mais eram do que auxiliares para cálculos astronômicos e não deviam ser tomados ao pé da letra...
Para sua felicidade, ele só recebeu um exemplar de sua obra quando já estava à morte e sem lucidez mental suficiente para entender o tal Prefácio...
Por incrível que possa parecer, a Igreja Católica não captou as implicações que as teorias de Copérnico estabeleciam, atingindo inclusive alguns dos seus dogmas. A  Igreja somente viria a tomar consciência destas implicações, 73 anos após a morte do astrônomo pioneiro, quando um outro astrônomo - desta vez herético - chamado Galileu, involuntariamente chamou a atenção dos religiosos, para as tais implicações
Mas isto é assunto para a próxima sexta...


Obrigado pela visita e um bom fim de semana.

ClovisdeGuarajuba

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sexta-feira, 5 de julho de 2024

- A TERRA NÃO É CENTRO DO UNIVERSO, AFINAL! - I -

                                                        Um dos desenhos de Ptolomeu


                                                                 imagem Internet


Desde os primórdios dos tempos, o homem observava os céus procurando responder a algumas perguntas intrigantes, o que é atestado por monumentos antigos, como as pirâmides do Egito e o monumento megalítico de Stonehenge, que indicam com precisão as posições determinadas por engenheiros e sacerdotes, há 5000 anos.
Estes sábios porém, jamais enunciaram qualquer teoria que explicasse o comportamento dos corpos celestes, cuja representação gráfica demonstraram com correção admirável. Limitaram-se a, aprioristicamente, enfatizar que era a Terra o centro do Universo, condicionando com seus  movimentos os movimentos dos outros astros, mas sem nunca darem explicações ou apresentar uma teoria, pois consideravam que se tratava de um problema insolúvel e definido por forças sobre humanas.
Foi então, que no ano de 310 a.C, apareceu um grego chamado Aristarco de Samos ( 310 a 230 a.C. ), sugerindo que o nosso mundo não era o centro do Universo, mas se deslocava, exatamente igual aos outros planetas, em torno do  sol. Tal teoria era tão revolucionária que não só foi considerada absurda, como rejeitada pelos mais destacados filósofos da época. Embora os seus conhecimentos de matemática fossem empíricos, estavam corretos os métodos que ele empregava para calcular as distâncias em que o Sol e a Lua se encontravam em relação à Terra. É que ele se baseou nos cálculos de Pitágoras que cem anos antes, dissera ser a Terra uma esfera que girava em tono do seu próprio eixo. Tal ideia foi desprezada pelos sábios da sua época que afirmavam que a Terra era plana. Não admira, portanto, que Aristarco que não conseguiu demonstrar cabalmente sua teoria, fosse, também, completamente ignorado.
 Apenas decorridos 400 anos desde a morte de Aristarco, surgiu, finalmente, a teoria que, embora totalmente errada, foi aceita de imediato pela comunidade de sábios da época, por ser menos revolucionária do que a teoria mais ou menos certa, de Aristarco. Claudius Ptolemaeus - conhecido também por Ptolemeu - deduziu que a Terra era o corpo que centralizava os movimentos do Sol, da Lua e dos cinco planetas visíveis ( Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno ). A Terra seria estacionária e, ao seu redor, todos estes corpos celestes giravam!
Valendo-se de desenhos complexos de círculos individuais menores e epiciclos, pretendeu dar figuração à sua teoria.
Embora inexatas, tais teorias constituíram a base da astronomia por incríveis 1700 anos, até o surgimento e divulgação das teorias de Copérnico, já no seculo XVI...
mas isto é assunto para a próxima semana...



Obrigado pela visita e um bom fim de semana.


ClovisdeGuarajuba

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